terça-feira, 31 de julho de 2007

Sobre a discussão.

Fico muito satisfeito pelos contributos para a discussão. Os comentários só reafirmam a importância da Nação para com o País. Eu não sou um especialista, o meu interesse e “atracção” pelo assunto é empírico mas vejo com agrado que não estou só.
Um povo que cultivou durante 200 anos uma planta, conhece bem as suas “voltas”. Há dias a TCV fez uma reportagem a uma Senhora centenária no seu aniversário que não se apercebeu que tinha havido independência mas que toda a vida cultivou e viveu da Purgueira. Achei esta peça televisiva sublime, não porque a Senhora não se tivesse apercebido da Independência mas porque o País quase perdeu a memória desta planta “milagrosa”.
A Jatropha curcas (Purgueira) não resolverá os problemas energéticos de Cabo Verde. Como matéria-prima para acrescentar energia a Cabo Verde é uma boa solução, não tenho dúvidas.
Claro, que o processo de obtenção de biodiesel se não for bem feito acaba em conspurcação do ambiente. Mas eu “juro” que o País não está tão irresponsável assim, nem nesta matéria nem em centenas de procedimentos que faz bem todos os dias em centenas de sectores.
Não é verdade que falte humidade. Não é verdade que não chova todos os anos. É verdade que a chuva que cai todos anos, sublinho todos os anos, não sustenta uma agricultura tradicional de sequeiro. Mais uma vez é preciso não misturar assuntos. O que prejudica o Milho pode não prejudicar a Purgueira. A Purgueira é uma planta perene. Ao fim de tanto tempo a “rabidar vida” podemos encontra-la até à beira mar, entre pedras e rochas como se quisesse fazer-se ao mar.
Isto não significa que é fácil cultivá-la, mas pode significar que ela está do nosso lado.
Nesta história, e na minha opinião, o interesse pela Purgueira é que esta planta pode recompor as raízes do povo rural, pode relançar afectos como os que o Sr. Henrique de Pina Cardoso descreve muito bem, também a contenção de deslizamentos, contenção de humidade, enfim uma parceira ecológica sem falar na apicultura, pode fluir a económica do País pelo mundo rural e dar mais esperança às pessoas. Nenhum país vive só de cidades.

domingo, 29 de julho de 2007

Boa Noite.

Cai um sereno chuvisco na Praia, o ar ficou mais fresco.

sábado, 28 de julho de 2007

Cuidado.


Pelo menos este condutor avisa que conduz mal. Agradecemos o aviso.

sexta-feira, 27 de julho de 2007

Muita Discussão.

Uma excelente discussão sobre biocombustíveis no Rerum Natura.
A não perder e a ler com atenção. É uma discussão rara e importante e como não podia deixar de ser, inconclusiva. Escrevi a minha opinião e defendo que todas as energias alternativas aos combustíveis fósseis devem ser equacionadas em função do que se pretende para melhorar o ambiente e ao mesmo tempo a vida das pessoas.
Se vamos substituir floresta por matéria-prima para produzir biocombustíveis de certeza que não há-de ser uma opção acertada, mas se acrescentarmos vida onde ela é escassa e daí retirarmos energia para as nossas necessidades, não vejo mal nisso.
Que os biocombustíveis têm os seus “quês”, claro que devem ter, todos eles, todas as energias têm, mas o saldo se se demonstrar positivo numa determinada moldura ambiental e os benefícios forem maiores do que a queima de petróleo, não há que hesitar.
Cabo Verde, esta região do planeta, tem necessidade da intervenção inteligente dos seus governantes. O biodiesel a partir do cultivo da Purgueira (Jatropha curcas) traz vantagens acrescidas para o ambiente, para as pessoas, para a economia, para a Região. Não se vai substituir uma cultura por outra mas acrescentar uma cultura onde nada existe, com sucesso, porque a experiência tem duzentos anos.
Neste caso, em Cabo Verde, não estamos todos no mesmo saco quanto à discussão sobre os malefícios dos biocombustíveis, o biodiesel é mesmo uma boa alternativa. Uma alternativa ambiental e social de excelência, sobretudo.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

O Ouro Verde

Quase todos os dias vou a uma bomba de combustível meter gasóleo no carro, dá-me mais jeito que seja pouco de cada vez. Nunca encontro mais do que um ou dois carros na bicha, nem alguma vez encontrei a bomba encerrada ou sequer em regime de racionamento. Por enquanto tem sido assim mas não é certo que assim seja nos próximos anos. Os mercados internacionais ditam o preço do petróleo cada vez mais alto, há muito que já se concluiu que esta energia causa graves danos ambientais e que um dia deixará de ser suficiente para as nossas necessidades.

Confesso que não estou em pânico e até penso que não há razões para discursos catastróficos a menos que isso seja um fabuloso negócio como o Live Earth e uma certa ecologia caviar bem na moda.

Estamos de acordo que é preciso poluir menos e para isso é necessário que se encontrem alternativas e sobretudo que se as ponham em prática, que se usem essas alternativas já, sem ser necessário actuar quando estivermos, por qualquer motivo, em ruptura energética ou envoltos num ambiente irrespirável. Cabo Verde dispõe de vento, sol, geotermia, mar e terra. Não tem petróleo no quintal mas dispõe de um leque invejável de condições para reduzir a factura de importação de combustíveis fósseis, contribuir para a redução de emissões de CO2, melhorar a sua economia e ficar menos pobre.

Todas as alternativas são boas (incluindo a nuclear, mas neste caso o País não tem capacidade económica, nem pessoas em número suficiente, nem necessidade para tamanho investimento). Todas as formas de energia devem ser equacionadas e integradas segundo a importância e os objectivos a que se destinam. Estou certo que deve haver Plano Nacional de Energia e um plano que equacione ao mesmo tempo os investimentos e as vantagens para o País. Todos os equipamentos para produção de energias alternativas necessitam de avultados investimentos iniciais e como não podia deixar de ser todos os construtores acotovelam-se para os vender realçando as nobres qualidades de todos eles, e em boa verdade todos têm grandes aplicações.

No entanto há uma energia alternativa que não necessita de intervenção externa, nem fica dependente de qualquer assistência mas provoca um enorme e positivo impacto social, impacto maior do que qualquer outra. É, nas palavras do Eng. Químico Expedito Parente, acima de tudo um remédio social. Essa energia chama-se biodiesel.

Cabo Verde tem as melhores condições para a produção dessa energia que se extrai do óleo de Purgueira Jatropha curcas, além de inúmeros derivados para outras indústrias. A opção por esta energia pode mudar a vida de muitos milhares de proprietários por todo o País, pode fixar pessoas no campo, pode reduzir o desemprego e a pobreza, pode colocar Cabo Verde no pelotão dos países que realmente estão a contribuir para a redução das emissões de CO2.

Cabo Verde já foi um dos maiores produtores mundiais de sementes de Jatropha curcas (mais de 4.000 t/ano em média desde o séc. XIX até aos anos sessenta), por isso não é uma planta estranha ao País e o mundo rural conhece-a bem. Hoje o País dispõe de óptimos técnicos em todas as áreas que esta indústria necessita, as técnicas de selecção artificial e outras são hoje uma ferramenta preciosa no aumento da produtividade e a total estabilidade política pode tornar esta opção um desígnio nacional, relançar um novo ciclo económico com todos os cabo-verdianos que vivem do campo ou a ele estão ligados, até os emigrantes mesmo ausentes podem rentabilizar as suas propriedades. A opção pelo biodiesel a partir do cultivo da Purgueira é uma opção inteligente, valoriza as capacidades do País e semeia confiança no futuro.

A Purgueira, na minha opinião, é o ouro verde que pode fazer de Cabo Verde um País mais desenvolvido e moderno.

Sérgio Alves
(Expresso das Ilhas - 25/07/07)

quarta-feira, 25 de julho de 2007

Billie Holiday - Lady Sings The Blues

terça-feira, 24 de julho de 2007

Viver.

Tempo esse tão longe e tão perto.
Que força é essa que nos faz morrer aos poucos?
Sem pressa nem tempo.
Como se o tempo existisse ou houvesse tempo para tanto.
Serena vertigem talvez seja a de todas as nossas vidas.
Depois? Nada a fazer.
Havendo memória o tempo pára a qualquer instante.
E… ao parar, só nos faz sorrir, chorar e viver.
É bom viver e dispor desse tempo.
Doce cheiro a licor de anis e filhós tem por vezes a memória.


domingo, 22 de julho de 2007

Roças

Trabalhadores de Cabo Verde na Roça Boa Entrada

Uma colecção de fotografias no princípio do séc.XX de roças em S. Tomé e Píncipe


As denúncias internacionais sobre a forma como eram contratados os trabalhadores e as condições em que viviam obrigavam a estas poses "para inglês ver". As denúncias eram encabeçadas pelos ingleses porque não conseguíam colocar no mercado o cacau produzido por eles a preços competitivos. Só por isso.

sábado, 21 de julho de 2007

Histórias

Uma interessante história de Daniel Benoni, editado pelo Instituto Cabo-verdiano do Livro e do Disco, sem data de edição e com a capa da autoria de Mário Pires. Uma capa belíssima que nos acena memórias dos livros de infância.
Um dia algum produtor há-de lembrar-se de editar com regularidade livros como este, pequenos, com histórias únicas e deliciosas de ler como esta. Uma colecção com nome e com saída regular. Serei um dos fans.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Música Maestro!


Findou o ano lectivo 2006 – 2007 na Escola de Música Pentagrama. Ontem foi dia de apresentação dos melhores alunos no piano e guitarra. Uma alegria para todos mas maior para os pais, que incentivaram estes alunos durante todo o ano. Porque são os pais os fiéis depositários de todo o bem-estar e sucesso destes alunos.
O professor falou aos pais nas dificuldades e nos sucessos. As dificuldades são óbvias: um edifício inadequado e muitas outras limitações, não em tom de queixa, mas ciente de que um dia tudo vai mudar. A cidade da Praia está com cem mil habitantes e não existe uma escola de música condigna, mas enquanto o sonho não for realidade temos que trabalhar e aguentar estas condições para não se apagar a chama, disse o professor. Quem fala assim sabe que está no caminho certo.
De facto, quem disse que fazer acontecer uma escola de música é difícil? Talvez seja porque uma escola de música não cai do céu. É preciso gente que organize e dinheiro para a fazer funcionar. Nada mais simples do que juntar alguns ilustres praienses, elaborar um plano, angariar dinheiro (não dádivas, nem solidariedades), deixar o Estado bem longe do assunto e partir, concretizar o sonho, construir uma escola onde centenas de alunos possam aprender a ler e escrever música para depois… criar, tocar, imaginar, ser… melhor do que somos, por prazer, pela Vida.
Dificuldades? Só se for como desculpa. Trabalho? Sim, muito. É isso que as crianças esperam de nós, e o País também.
Não baixe a batuta, maestro!

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Quem Vê Caras Vê Corações.

(Fotografia de João Paradela)

terça-feira, 17 de julho de 2007

Plantas

Esta publicação, edição de 1995, co-produção do Instituto Nacional de investigação e desenvolvimento agrário (Cabo Verde), do Instituto Botânico e Jardim Botânico da Universidade de Bona (Alemanha) e da Cooperação Técnica Alemã (Praia) muito importante na identificação e divulgação das plantas endémicas e árvores indígenas de Cabo Verde, pode ser adquirido no Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário, Departamento Ciências do Ambiente, CP 84, Praia, tel. (238) 2711147, fax (238) 2711133.Podemos ler no prefácio da autoria do Presidente do INIDA, José Gabriel Vitória Levy:

Cabo Verde sempre contou com um número escasso de espécies vegetais. Por estarem submetidas a factores naturais, como os erosivos, e às acções nefastas do Homem, algumas espécies da vegetação natural, muito importantes sob o ponto de vista socio-económico e científico, estão seriamente ameaçadas de extinção. Neste presente momento, a intervenção do Homem é determinante para a alteração da situação desses recursos naturais, contribuindo para a reversão da situação. A atitude de cada um de nós na conservação dessas espécies determina a contribuição que elas poderão dar ao desenvolvimento socio-económico, através da sua utilização na medicina tradicional, no desenvolvimento do turismo especializado e na alimentação da vida animal selvagem e doméstica.
Por isso, torna-se necessário a publicação deste manual com imagens ilustradas, que aliás, já se fazia sentir há muito tempo, e que irá permitir aos agentes de desenvolvimento rural, alunos, professores e ao público em geral o conhecimento de algumas espécies endémicas e outras do nosso património vegetal, contribuindo, deste modo, para a sua preservação.

Chuvisco.

Começou agora mesmo a chuviscar na Praia

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Oportunidades.


Este seria um momento de glória para Cabo Verde apresentar o seu trabalho de casa sobre o contributo que pode dar no sentido de melhorar o ambiente no planeta reduzir a sua emissão de CO2, reduzir a pobreza, aumentar o emprego, fixar pessoas no campo e com esse programa merecer por esforço e mérito todo o apoio do mundo.
Infelizmente as palavras ainda são de retórica como se o global não fosse a soma de pequenas e muito concretas actuações.
Cabo Verde tem que avaliar as suas capacidades, sair dos pequenos ateliers e abrir a discussão a toda a sociedade, delinear um plano e, sem medo, partir para um novo ciclo económico no caminho da modernidade voltando de novo a cultivar a purgueira em larga escala e fazer do biodisel uma ferramenta de desenvolvimento em conjunto com todas as outras energias alternativas aonde elas se adequarem.

Bolinhas Em Cabo Verde.

Uma agradável visita desta família de Bolinhas, terceirenses de férias em Cabo Verde.
Este Bolinha, César Augusto, como se vê é bom a comer caixinhas mas também é bom a matemática e já é um bravo forcado que aprendeu depressa a jogar uril. Felicidades.

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Aves De Cabo Verde

Uma edição de 2003 da BirdLife International em colaboração com o Instituto Nacional de Investigação e Desenvolvimento Agrário, São Jorge dos Orgãos, com ilustrações a cor de Robin Reckitt e outros desenhos de Viriato Fermino, Rachel Bechkingham e Ed Hazebroek, com 32 páginas é um pequeno livro indispensável para nos aproximar mais de Cabo Verde. No perfácio, escrito pelo Dr. Manuel Faustino podemos ler (...) É por isso que penso que a publicação deste livro com imagens ilustradas vai permitir aos alunos e professores, principais destinatários do processo de reforma do sistema educativo, bem como ao público em geral uma maior aproximação com a nossa avifauna. O conhecimento dos costumes e dos hábitos de vida das nossas aves torna-las-ão mais íntimas, mais amigas de todos , condição fundamental para a sua preservação.

Já Não É O Que Era!

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Palavra Na Moda

De repente tudo é “estruturante para a ilha”. Resortes sem fim, hotéis de grande dimensão, aldeamentos, casinos e até pequenos bunkers sem acesso autorizado. Ocupam-se praias, orlas marítimas, despejam-se pessoas com tudo pago e dá-se oportunidade aos mais pobres para ascenderem a proletários se quiserem, tudo em nome de empreendimentos que classificam de estruturantes. É uma viagem sem regresso e sem destino esta em que mergulharam o País por uma causa económica que em quase nada beneficia directamente as populações locais pela simples razão de que não é esse o objectivo de tais empreendimentos ficando-se apenas pelos tais “postos de trabalho” que tanto gostam de acenar.
Esta antiga forma de fazer turismo é de facto um tipo de empreendimentos com barbas brancas, caduco, antiquado, inimigo dos eco sistemas naturais mas por demais lucrativo e sobretudo canalizador de fabulosas quantias sem deixar cair um pingo por onde passam. Tudo legal, claro, mas não é isso que interessa. O que nos interessava a todos seria reinventar o futuro, não é fácil não, mas tudo o que podemos fazer está nas nossas mãos.

terça-feira, 10 de julho de 2007

Eu, Comovido A Oeste







Vitorino Nemésio [1901-1978]
m. em Lisboa, a 20 de Fevereiro de 1978



Quando eu morrer, a terra aberta
Me beba de um trago
E esqueça.
Aos deuses minha oferta
É levar o que trago:
Eu, dos pés à cabeça.

Assim, com ervas altas
Acabam os que começam.
Que Deus nos perdoe as faltas!
Dizem: "A terra que nos come":
Eu digo: "A que nos bebe" - e basta.
Somos só água que se some:
Choveu - e fomos
Na vida gasta.


[
VN, in Eu, Comovido a Oeste]

segunda-feira, 9 de julho de 2007

Uma Importante Visita.


Clemente Garcia um deputado pelo círculo de S. Domingos, visita hoje aquele Concelho. Seria de grande acerto e utilidade política olhar especialmente para a Baía de Nª Senhora da Luz. Uma riquíssima infra-estrutura natural à espera que o governo e os deputados olhem para ela como uma ferramenta de desenvolvimento da população local. Aquele fabuloso viveiro natural de caixinha e camarão deveria servir exactamente para o que está vocacionado: o cultivo e apanha de caixinha, um bivalve endémico e de grande valor económico, e não para a extracção de areia. Propor e defender a criação de uma estação protegida de reprodução de caixinha, empregaria dezenas de pessoas, daria a outras tantas concessões para a exploração controlada do bivalve e safava da pobreza aquela comunidade. Espero que a visita deste Sr. Deputado seja um passo decisivo para a melhoria da qualidade de vida dos habitantes de Baía de Nª Senhora da Luz e para que se salve da extinção um bivalve que mora naquele local muito antes de qualquer pessoa ter chegado a esta Ilha de Santiago. Desejo-lhe bom trabalho.

domingo, 8 de julho de 2007

Cabo Verde,Espalha Pé!

No passado dia 6 o barril de petróleo fechou nos 75 dólares mas com a seta a apontar para cima. Mais uns conflitos aqui e acolá uma ou outra sabotagem ou mesmo um mau tempo desses que ilustram as palestras de Al Gore, o novo cristo redentor, e o preço do barril há-de subir rapidamente para os 100 dólares.

Pelos vistos não se fala muito sobre o assunto, basta dar uma vista de olhos nos nossos jornais electrónicos ou em papel para nos apercebermos que este, o problema energia, não é nenhum problema de maior para Cabo Verde. Os carros não fazem bicha nas bombas de abastecimento, a reserva é considerada normal, as pessoas passeiam à vontade, de vez em quando há um curto corte de energia eléctrica provocado por uma falha técnica qualquer, mas nada tem a ver com racionamento de combustível ou falta de dinheiro nos cofres para comprar este eficiente pronto a usar, o combustível fóssil.
Talvez os nossos governantes estivessem preocupados e falassem também eles sobre o que fazer perante a necessidade de acautelar o futuro do País em termos de energia, mas não. Uma vez por outra dizem algumas palavras de circunstância sobre energia e alternativas mas porque um certo burburinho internacional impõe a moda. Até mesmo os deputados da Nação nas sessões parlamentares fazem muitas interpelações ao governo e catadupas de pedidos de esclarecimento mas ninguém levanta a voz perante este perigoso silêncio sobre as energias e a protecção do País em caso de súbito descarrilamento no abastecimento de combustíveis fósseis. É como se tivéssemos a certeza que alguém nos vai socorrer porque somos simpáticos, ou que de momento há outros assuntos muito mais importantes.
Os países ricos estão preocupados mas os países pobres parecem indiferentes ao mote da discussão sobre o futuro da energia. Apetece levantar a voz e dizer: Cabo Verde, acorda, está na hora! espalha pé!

sábado, 7 de julho de 2007

Hidropónica


A caminho de S. Francisco, em Ribeira Santcho, Thomas Drescher e Paula Drescher, dão vida e forma a um projecto de agricultura hidropónica de pendor biológico. Uma bela aposta sempre em constante aprendizagem e experimentação, feita com os sons da natureza e a indispensável paciência bem ao jeito da vida. Tem tudo para dar certo.


100 Motivos

sexta-feira, 6 de julho de 2007

Combater A Pobreza.

A fome diminui no mesmo período em que aumentou o uso dos biocombustíveis, afirmou Lula da Silva

Cabo Verde também tem uma palavra a dizer, também pode reduzir a pobreza, o desemprego e a emissão de CO2. Cabo Verde pode e deve dispor do seu ouro verde.

Bilrou

Sobre o mar, no suave embalo das ondas e do frio, por vezes, por outras, montanhas de espuma em movimentos sibilantes, vidas inteiras, apertadas saudades, mornas noites de pleidas riscando ofuscantes medos e avés, sons de estarrecer vindos do negro escuro enquanto dormia o astro rei, cheiro nauseabundo, vómitos, escorregadia sangueira, delírios, cantares à memória e alegria de existir, tilintares de arames e batuques, febres, histórias de pasmar bebendo os tons que todo o azul comporta, tudo, para iluminar cidades e povos longínquos que cabo-verdianos e açorianos cantaram de costa a costa, canções da vida, arpoadores do seu destino, remadores vigorosos do seu futuro, aqui permanecemos, olhando o mar, até que uma outra qualquer armação do mundo nos contrate, não temos medo do devir, apenas saudade.



quinta-feira, 5 de julho de 2007

O Dia da Nação

Quando o PAIGC fez a declaração unilateral de independência eu tinha 18 anos e já andava há 3 nas lides das juventudes católicas onde circulavam com frequência panfletos com os “pensamentos” de Amílcar Cabral e de tantos outros heróis numa imensa Internacional que almejava mais do que a independência dos povos um modelo de sociedade, um homem novo e uma forma de poder iluminado.
Foram tempos de certezas absolutas, de convicções, de lutas sem tréguas, de poucas ideias inovadoras mas muitas acções sem discussão. A vida cabia nas poucas linhas de um manifesto, numa folha A4, numa causa pelo Povo.
Por mor dum regime, também ele feito de cultos, a independência dos povos das colónias portuguesas ceifou a vida a dezenas de milhar de seres humanos antes, durante e depois das independências. Salvo raríssimas excepções, os seus nomes não estão escritos nem lembrados em qualquer lápide, é como se nunca tivessem tido vida.
O homem novo não apareceu, por não se conseguir apagar os registos genéticos que contêm dezenas de milhões de anos de evolução. A intolerância gerou ofensa e humilhação e a fé de que num mundo novo, como de um qualquer imaginário religioso se tratasse, nem todos teriam lugar, o que levou milhares de pessoas a abandonarem o berço dos seus antepassados. Foi dolorosa a Independência. O tempo não apaga a memória mas faz mudar os homens e mulheres e traz outros bem diferentes num maravilhoso ciclo de renovação da própria História. Por isso, a Independência também transportou consigo muitos homens e mulheres diferentes na maneira de pensar e agir, obstinados pela tolerância, pelo diálogo, por valores bem antigos como a liberdade de falar, ouvir e pensar e pela construção de um País voltado para o mundo. Estas pessoas acabaram por influenciar decisões e sobretudo fazer com que outras pessoas com poder nas decisões tivessem dúvidas. Uns e outros construíram o Cabo Verde moderno que é hoje. O nosso desejo e necessidade de referências faz-nos alimentar o culto por aqueles que consideramos os nossos heróis, talvez não haja outra forma de nos lembrarmos dos acontecimentos ou de decorarmos as nossas praças.
Mas há uma heroína da Independência muito mais antiga que o País, a Nação Cabo-verdiana.

quarta-feira, 4 de julho de 2007

Bom Passeio



Um trabalho de mestres, pavimentar de novo os passeios do Plateau. Ficam uma beleza, já não é preciso olhar para o chão por causa dos buracos, os carrinhos de bebé andam sem problemas e os idosos com mais segurança. Faltam as pequenas rampas de acesso para as cadeiras de rodas mas a qualquer altura se podem fazer.
A disposição dos tijolos é em mata-junta como deve ser e por isso é estranho que não fabriquem meios tijolos o que leva a ocupar uma pessoa o dia todo a cortar tijolos ao meio com uma rebarbadora para completar os lados do passeio. Estou convencido que se fabricassem meios tijolos os passeios ficavam prontos muito mais depressa, ganhava o empreiteiro e ganhavam os transeuntes. A equipa de trabalho é excelente.


terça-feira, 3 de julho de 2007

Helder Tachinho

segunda-feira, 2 de julho de 2007

Purgueira - O Ouro Verde

(…) Production areas

The cultivation of physic nut was of economic importance in Cape Verde. Silveira (1934) estimated that 8.000 ha were planted with physic nut, which represented 12% of the islands’ total surface or 16% of their cultivated area. The whole seed production was exported to Lisbon for oil extraction and soap production. Maximum exports form Cape Verde were 5.622 t in 1911 and 4.457 t in 1955. Exports of seed contributed in certain years for um to 60% of de total monetary value of the island’s agricultural exports (Fig.9). Seeds have not been exported since 1970, in spite of the fact than old plantations still exist and there has been anew reforestation effort with physic nut. Apart from Cape Verde, physic nut was cultivated only in some countries of West Africa and Madagascar For seed exports to Marseille. Plantations established recently in different countries ha varying objectives:
-reforestation for erosion control in Cape Verde
-erosion control with hedges and combined oil production (diesel fuel) in Mali
-oil production on 10.000ha in marginal areas of India (Patil and Singh 1991)
-establishment of 1.200 ha of physic nut energy plantation for production of methyl esters in Nicaragua (Foidl. pers. Comm..).

(Clique no gráfico para o ampliar)

O biodisel a partir do óleo de Purgueira (neste caso o pinhão manso) é pois a opção mais importante de Cabo Verde para reduzir a sua dependência energética.

Desta vez não se trata de exportar as sementes para fazer sabão ou para a iluminação pública, mas de produzir biodisel e reduzir a importação de combustíveis fósseis e com esse dinheiro aumentar o investimento público.

Milhares de proprietários em todo o Cabo Verde terão um melhor rendimento para os seus terrenos que pouco ou nada produzem ou estão mesmo abandonados. Muitos emigrantes estando ausentes poderão ver as suas propriedades rentabilizadas porque a Purgueira é uma planta perene e por isso não necessita de ser replantada todos os anos nem carece de quaisquer cuidados especiais.

Trata-se de um efectivo combate à pobreza e ao desemprego, de uma efectiva medida pela autonomia energética, pela qualidade do ambiente e pelo progresso.

À Nação não faltam botânicos, biólogos, economistas, engenheiros, agrónomos, legisladores, políticos e muita gente competente e ansiosa por grandes desafios por Cabo Verde. Falta o quê? Bom... Talvez só falte arregaçar as mangas e garimpar este ouro verde, por um Cabo Verde melhor e mais presente (interventivo) por direito e mérito no mundo moderno.

domingo, 1 de julho de 2007

Tanto Mar E Nada De Novo.

Ontem a televisão pública transmitiu mais umas perguntas e respostas sobre pescas. Umas e outras foram as mesmas de sempre, que o governo apoia e que a coisa não é fácil resolver nem apoiar. Os barcos e as artes estão caras e tudo o resto já não é como era. A propósito da aquacultura, ou seja, o futuro das pescas, nem uma palavra. A propósito das péssimas condições higiénicas e de anarquia em que se encontram os portos de pesca, nem belisco. A propósito do não controlo das espécies e do peso do pescado capturado, é para esquecer. A propósito do desprezo e desinteresse pelo maior viveiro e património natural de bivalves e camarão de Cabo Verde, a Baía de Nª Senhora da Luz, não vale a pena, o melhor é extrair areia enquanto der. A propósito de tanta mudança urgente... nada.
Enfim, uma coisa percebe-se, é que a vida não está, nem vai ser, fácil para os últimos caçadores recolectores da história humana, os pescadores. Quando por cá o mar não der, importa-se. É uma opção pobre para quem dispõe de quase 2.000 km de costa mas é uma opção confortável esta de continuarmos a pensar que Cabo Verde é piqnim.