sexta-feira, 31 de agosto de 2007

Remédio Santo.

Beber um chá d’ervas é como fazer uma viagem à infância. Quentes sabores e odores mágicos nos transportam ao longínquo carinho de mãe, tias e avós. Sábias mulheres que nos tratavam indisposições e dores com a frase milagrosa, bebe meu filho que isto é remédio santo. Era e ainda é. Um dos momentos que me faz sentir menino é quando bebo um chá d’ervas. Doces recordações.


Uma lista de Chás no livro de Dª Maria de Lourdes Chantre, Cozinha de Cabo Verde:

Chá de Alecrim
Indicado para febres e constipações

Chá de Abacate
Purifica o sangue. Auxilia a digestão, favorecendo o trabalho do fígado e da vesícula biliar.

Chá de Arruda
Auxilia a digestão favorecendo o trabalho do estômago.

Chá de Araçá
Tem acção moderadora sobre o trânsito intestinal. Combate a diarreia.

Chá de Artemísia
Para menstruações dolorosas ou atrasos. Inflamações nos ovários e outras perturbações.

Chá de Babosa Seca
Combate as dores de barriga (cólicas)

Chá de Belgata
Acalma as dores no corpo e lava as feridas

Chá de Barbas de Milho
É um excelente diurético e anticéptica das vias urinárias. Aconselhado para infecções renais.

Chá de Cur-Cabra
Elimina os casos de eczema húmidos e secos e outros males de pele como depurativo e purificador do sangue, é indicado para urticária e acne.

Chá de Canela
Para menstruações dolorosas ou atrasos.

Chá de Cidreira
Auxilia a digestão. Evita o excesso de acidez e tem acção anti-espasmódica.

Chá de Cidreirinha
É um calmante natural. Acalma os nervos e proporciona um sono tranquilo e reparador.

Chá de Casca de Coco
É um excelente diurético e anticéptico das vias urinárias.

Chá de Casca de Laranja
Aconselhado para gripes, bronquites e catarros de garganta. Adoçar com mel.

Chá de Casca de Limão
Aconselhado para todos os estados gripais. Adoçar com mel.

Chá de Folhas de Eucalipto
Aconselhado para resfriados. Acompanhar o tratamento com banhos de folhas de eucalipto fervidas em bastante água.

Chá de Erva-doce
Auxilia a digestão.

Chá de folha de Louro
É eficaz nas inflamações de barriga e gases.

Chá de Folhas de Tamarindo
Anticéptico das vias urinárias. Aconselhado para cólicas renais.

Chá de For de Laranjeira
Facilita a circulação sanguínea. Tem acção calmante e diurética.

Chá de Gengibre
Auxilia a digestão, favorecendo o trabalho do estômago, do fígado e da vesícula biliar.

Chá de Oregos
Combate as dores de barriga e estômago (cólicas).

Chá de Palha Teixeira
Aconselhado para constipações nas crianças.

Chá Racha-pedra
Extrai e elimina as pedras renais normalizando o funcionamento dos rins e bexiga.

Chá de Rosmaninho
Purifica o sangue. Estados febris.

Chá de Salva (for)
Para acalmar a tosse e acessos de febre nas crianças.

Chá de S. Caetano
Depurativo do sangue. Cura males da pele.

Xaropes (para combater a tosse)

Xarope de Agrião
Faz-se uma calda com açúcar mascavado e água. Juntam-se as folhas de agrião lavadas e deixa-se ferver até atingir ponto de xarope.

Xarope de Casca de Romã
Secam-se as cascas. Fervem-se e adoça-se com mel. Deixa-se ferver e apurar bem.

Pílulas de babosa
Para tratamento de prisão de ventre. Mistura-se o líquido que se extrai da folha da babosa, com farinha de trigo. Moldam-se pequenas pílulas que se secam ao sol.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Chuva... Outra Vez!

Enfim, a chuva.

Bateladas de água por todo o lado. Por enquanto durante o dia de ontem mas vai haver mais ao que parece num dia qualquer antes daquele mês.

Correm os meninos em alarido debaixo de chuva, grita-se. Correm os graúdos para ver toneladas de lixo, dejectos e lama a serem arrastados na ribeira. Muitos não aparecem para trabalhar, claro, a justificação é óbvia. Toda a gente corre para as vidraças dos gabinetes. Avé! Que fazer? Esperar que estie.

À chuva cantam poetas e artistas plagiando o povo rural em lamentos porque ou é muita ou é pouca ou ainda porque não vem quando é preciso. Até mesmo os governos têm uma palavra a dizer e daqui a alguns dias seremos presenteados com “um ponto da situação” e a garantia inequívoca de que serão tomadas medidas excepcionais para minimizar os efeitos negativos de mais um mau ano agrícola.

Mas a chuva continuará por certo a cair todos os anos de passagem para o mar imenso sem que ninguém (os cabo-verdianos) se mobilize para a guardar. A barragem do Poilão é importante mas não representa uma cultura corrente face à água da chuva. A cultura de guardar água não existe porque os governos não a fomentam. Parece preferível o ridículo mas confortável apelo para que as pessoas “poupem água” no dia mundial da água, quando só em algumas localidades urbanas é que existe rede de distribuição.

Constroem-se novos edifícios e urbanizações mas não se incluem cisternas e reservatórios que retenham a água nestes dias de chuva. Um desafio bem ao alcance dos nossos arquitectos e engenheiros. Constroem-se estradas e vias rápidas mas não se dá a mínima importância ou valor aos milhões de litros de água que deslizam sobre elas. Não se pensa nem mesmo com algum qualquer sentimento patriótico no destino a dar aos milhões de litros de água que despejam telhados e terraços das nossas cidades.

Possuído de vontade política e imaginação, querendo, Cabo Verde pode ser bem melhor pelas suas próprias mãos.

A falta de água não é um fado é uma atitude.

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Efeméride.

Com uma grande vontade de fazer coisas diferentes sonhamos pôr de pé uma pequena fábrica para processamento e defumagem de peixe-serra e outros na localidade de Porto Mosquito. As palavras de coragem foram muitas por parte de amigos, clientes e forasteiros. Havia muitos pedidos de várias partes fora de Cabo Verde e foi quanto bastou para nos lançarmos na aventura.
No dia 26 de Agosto de 2003, entregámos a primeira carta na Câmara Municipal da Praia da qual nunca obtivemos resposta. Depois, pelo caminho por onde passaram estes 4 anos foram feitos dezenas de contactos, cartas, exposições, enfim aquele calvário que não consta nos livros nem se discute nos workshops sobre empreendedorismo.
Ainda falta, estamos cientes, arrepiar muito caminho contando mesmo com os bons sinais que já nos chegaram este ano do MIT.
Se nos perguntarem, então afinal qual é a dificuldade? Podemos garantir apenas duas: primeiro as estruturas dos governos agem em separado umas das outras, não se comunicam, não se conhecem; segundo as pessoas (os responsáveis) nunca estão, ou estão muitas vezes ausentes por isto ou por aquilo. Talvez tenha sido só azar nosso. Por enquanto permanece a ideia que fez ontem 4 aninhos.

sábado, 18 de agosto de 2007

Fazer Biodiesel

Tudo se transforma por isso vamos aproveitar, por exemplo, o óleo de cozinha usado e transformá-lo em biodiesel. Quantos litros são lançados no esgoto ou no lixo por ano? É só pensar um pouco... são muitos milhares.

sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Sonho Americano

Esta edição da revista Iniciativa é interessante pelo conhecimento que nos traz de cabo-verdianos que vivem “noutro mundo”. Um mundo feito de trabalho, liberdade, concorrência, saber e sobretudo vontade de vencer.
Em nenhum outro lugar do mundo as pessoas aderem tão depressa a esses valores. Pode ser um pouco intrigante tal fenómeno mas a verdade é que tudo começou assim naquele mundo desde a primeira hora. Foi tudo construído, edificado e mantido nesse sentido de forma que quando alguém chega, independentemente da cultura, já encontra um caminho, uma ordem, uma liberdade e uma responsabilidade à qual não se pode furtar.
Podemos argumentar com riquezas imensas e dimensões com o tamanho de vários fusos horários. Mas podemos também argumentar por certo que toda aquela grandeza e eficácia são o somatório de pequenos sacrifícios, pequenas vitórias, pequenas atitudes e muito orgulho e brio em tudo o que se faz. Nada caiu nem cai do céu. Naquele chão tudo foi e é conquistado e depois de conquistado é mantido com zelo e muito orgulho.
Não é muito estranho que assim seja se olharmos para a História daquele País, mas já é muito estranho que os visitantes cabo-verdianos com responsabilidades políticas e frequentes viagens contabilizadas se deslumbrem com o chão de merca para depois se esquecerem da lição logo que regressam. Dizer uma coisa e fazer outra ou nada fazer depois de tanta visita em trabalho, fica feio.
O modelo americano é eficaz e simples mas tem um problema: somos constantemente avaliados. E aqui as coisas complicam-se para os que enchem a boca com a palavra “diáspora” mas não lhe copiam os exemplos.
O modelo é eficaz e simples porque é feito de pequenas atitudes, de responsabilidade e avaliação. Pregar um prego de cada vez mas deixá-lo bem pregado e responder por isso. Coisas tão simples como fazer bem feito em vez de mal feito e sentir orgulho por tal.
Coisas tão simples e ao alcance de Cabo Verde como cumprir horários, tratar do lixo, receber uma resposta da Administração Pública, executar planos, arborizar as cidades, manter os esgotos desentupidos, tapar os buracos nas ruas, iluminar praças e avenidas, prever possíveis acidentes, higienizar mercados, libertar as mulheres do suplício das latas de água, repensar a energia com todos os cabo-verdianos, optimizar e reduzir as estruturas do Estado, dirigir com autoridade mas sob avaliação, promover a criatividade, etc., etc.
O sonho americano é fazer bem o que tem de ser feito.

quinta-feira, 16 de agosto de 2007

Feudo

Sob a capa de ancestrais “especificidades”, pertinente pobreza à mistura com muita miséria cultural a que chamam “maneira muito própria de pensar” justificada com a insularidade como desculpa, tornam o Porto de Pesca da Praia um feudo. Um feudo de interesses rentáveis que utiliza a pobreza para impressionar os incautos e neste caso os incautos inclui o Estado que faz de conta não entender da matéria.
Bem vistas as coisas o Porto de Pesca da Praia foi ampliado para servir melhor a pobreza e a miséria. Mais uma doação que como muitos outros negócios só prejudica Cabo Verde. Basta olhar de longe porque de muito perto não é bom para os mais sensíveis do estômago.
Começa logo pelo tremendo equívoco de que o peixe capturado é dos pescadores e das suas companheiras rabidantes, quando em boa verdade o peixe capturado é pretensa de todos os cabo-verdianos até ser leiloado pelo Estado com base no preço que o pescador entender que deve corresponder ao seu trabalho. Só depois é que o peixe é do pescador ou de qualquer outra pessoa que o licite, e pague os devidos impostos.
No Porto de Pesca da Praia ninguém paga nada, ninguém regista nada, ninguém sabe de nada, ninguém pesa nada, os pescadores vendem quando muito bem entendem e a quem muito bem querem para já não falar no enorme lamaçal de vísceras e sangue que produzem todos os dias. No Porto de Pesca da Praia não há rei nem roque. Mas há quem, no próprio governo, ache piada e lá vai de vez em quando de saquinho plástico na mão comprar “directamente ao pescador”. Ilegalidade só haveria se alguém encontrasse no mar um pote com moedas de ouro e pensasse que era seu. Nessa situação o Estado corria atrás da legalidade que nem lebre. Há coisas que não mudam para melhor porque não se quer, não fosse a pobreza e a miséria um “bom” negócio para muitos.

sábado, 11 de agosto de 2007

Se Perguntarem...

Se perguntarem: das artes do mundo?

Se perguntarem: das artes do mundo?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as noites
caem dentro dos dias - e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.


(Herberto Helder)

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Adeus Baiji.


Ao fim de 20 milhões de anos e depois da revolução cultural de Mao Tsé Tung ter posto fim a seculares superstições dos pescadores permitindo a sua captura em massa e da contribuição despiciente da barragem das Três Gargantas. Chegou definitivamente ao fim esta espécie. Um "bom trabalho" do Império do Meio em apenas 57 anos.
Terá ficado com menos fome essa potência mundial emergente?

quinta-feira, 9 de agosto de 2007

João Vário

Noites de Lisboa



Travadinha no Hot Club, um "altar" do Jazz e da resistência

quarta-feira, 8 de agosto de 2007

Coragem Como Valor.


A notícia do dia, na urbe da Praia é a de que a Delegacia de Saúde da Capital pondera mandar encerrar o mercado do Plateau.
Tardou, mas aí está um dos mais importantes “combates por Cabo Verde”, um “combate” a sério e sem folclore.
A Delegacia de Saúde acaba de prestar um bom serviço de protecção sanitária da Cidade. Todas as “forças vivas” da sociedade praiense já deviam ter emitido os seus comunicados de regozijo: Pró-Praia, ADECO, Partidos, Igrejas, consumidores, etc. etc.
Até agora nada! Mas a notícia é fresca. Talvez não seja fácil expressar o contentamento por tão importante declaração da Delegacia de Saúde.
Claro, a cidade não vai acordar amanhã sem mercado. Nem é essa a intenção do responsável pela saúde pública.
Mas a Delegacia de Saúde da Praia deu o mote para a atenção dos responsáveis do que pode ser uma das mais importantes e melhores decisões sobre saúde pública das últimas décadas. Não vale falar de “campanhas de sensibilização”, essa conversa já tem… noventa anos!
Agradecemos a coragem porque alguma coisa vai mudar!

Pequena Distracção


Não se percebe porque ri tanto Jorge Santos.
Seja qual for o tema, entrevista ou opinião, o dirigente ri a bandeiras despregadas. Há, na minha opinião, qualquer coisa que não bate certo. Repetem-se imagens e poses. Uma espécie de culto fora de moda. O homem está por dentro de todos os temas. Sabe tudo. Não aparecem outras caras por dentro dos assuntos. Só ele. É estranho porque não acredito que ele “mande” que seja assim. A distracção aqui só pode ser do Jornal.

Conferência



terça-feira, 7 de agosto de 2007

Dignidade

Eu escrevi aqui o que pensava sobre as razões do triste negócio da emigração clandestina fomentado por gente fria como a morte. Entre as dezenas de “pecados” com que essa prática se cobre há um que tem a ver com a dignidade das pessoas.
Ontem uma reportagem no telejornal da TCV fez-me pensar que a dignidade de uma pessoa é de facto uma coisa muito importante e bem mais difícil de se respeitar do que se pensa.
Uma “leva” de clandestinos foi repatriada para a sua pobreza. Pessoas desconhecidas, mas pessoas! No transporte do humilhante regresso do campo de acolhimento até ao cais foi utilizado um camião da tropa de caixa aberta. Não há em S. Vicente um autocarro? Da próxima vez eu pago o frete se é essa a questão! Fiquei com vergonha. E triste.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

II Encontro de Jovens Investigadores





A Call for Paper e a Ficha de Inscrição encontram-se no layout deste blog numa Box.net. Faça download dos documentos e participe por Cabo Verde.

domingo, 5 de agosto de 2007

O Nosso Lugar No Universo



Hubble Deep Field

sábado, 4 de agosto de 2007

Vidas.


Dª Rosa e sua filha Landa, em Baía de Nª Sra. da Luz por estes dias repartem a vida entre sementeiras, apanha de areia e apanha de caixinha. A chuva ameaça e um dia destes cairá pesada e com pressa de chegar ao mar para despertar também aí um camarão de sabor único.
São vidas às quais pouca falta fazem os governos porque estes, claro, têm mais que fazer.

sexta-feira, 3 de agosto de 2007

Importante Para Cabo Verde

II Encontro de Jovens Investigadores Caboverdianos
(...)Este email tem a finalidade de lhe dar conta da realização o II Encontro de Jovens Investigadores Caboverdianos (EJIC). O II EJIC vem na sequência de uma primeira edição que teve lugar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa nos dias 21 e 22 de Dezembro de 2006.

Em breve receberás um email a pedir que envies uma proposta de comunicação para o nosso encontro. O mesmo realizar-se-à em Dezembro na Reitoria da Universidade de Cabo Verde.
O Encontro de Jovens Investigadores Cabo-verdianos pretende constituir-se como um fórum de intercâmbio científico e de crítica entre os jovens investigadores cabo-verdianos que se encontram a desenvolver os respectivos projectos de investigação. Com a institucionalização de uma comunidade académica de jovens investigadores aspiramos estabelecer um observatório susceptível de conferir informações de monta sobre o contributo da juventude na promoção da cultura de investigação: identificar o perfil dos investigadores, seus projectos de pesquisa, i.e., quem investiga e sobre o quê?
A presente Conferência direcciona-se aos jovens investigadores cabo-verdianos (até aos 40 anos) que se encontram numa fase pós-graduada da sua formação académica (pós-graduação, mestrado, doutoramento etc.) e que se têm dedicado à prossecução dos seus projectos de pesquisa nas mais diversas áreas de investigação. A participação de todos os estudantes cabo-verdianos que estejam a desenvolver os seus projectos de pesquisa (artigos de investigação, teses académicas, relatórios de investigação, work in progress, capítulos de monografias etc.) é encorajada e incentivada pelos promotores de um evento que se requer impulsionador de uma cultura de investigação. Envio-te este email com alguma antecedência para que prepares uma proposta de comunicação (resumo) de uma página sobre um tema do seu interesse que estejas a investigar. Existem vários painés em que possas participar e integrar a sua comunicação que vão desde as ciências sociais e humanas às ciências da saúde, da vida, engenharias, ciências e tecnologias etc), por isso em breve receberás um call for paper a solicitar a sua contribuição nesse sentido, caso investigues sobre uma temática relacionada com Cabo Verde(...)

Suzano Costa
suzanocosta@yahoo.com.br