segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Design

(foto Diário de Notícias)


Lembro-me do espalhafato que fizemos quando ela nasceu. Tínhamos todos escapado com vida dum violento terramoto no ano anterior e todos os dias, ou quase, havia celebrações e motivos para “partir pedra” até madrugada. Não havia computadores, nem coisas assim, só escombros, livros, música, palavras e uma Irmandade de um Império cheio de sonhos, mesmo muitos sonhos.
Nem todos os sonhos foram comidos pelo tempo, mas alguns de nós sim.

domingo, 30 de agosto de 2009

Combustíveis (Fósseis) Mais Caros. Que Pena!


A Semana On Line e o Expresso das Ilhas (On Line), não comentam. O tempo está bom, o pincho (ou pinxo, ou pintcho, tanto faz) está sabi. Óh que sabi! Alguém há-de pagar o custo da energia enquanto forem os outros a produzir e se ninguém pagar, mil perdões cairão do céu de quem tem a exclusiva e "ancestral" culpa de trinta décadas de pobreza. Ser pobre é um nobre estatuto histórico, um património legado do qual nunca nos devemos libertar. Como é difícil viver livre e independente! Eles não sabem nem sonham...

sábado, 29 de agosto de 2009

Forte Culpa.


Lá se vão os tostões poupados. E, claro, mesmo não sendo adivinho já sei que no próximo ano vamos receber aquela cartinha da casa grande a informar que o valor da conta do combustível não foi aceite por não ser "razoável". A nossa vida é tentar escapar!

O Sentido Das Coisas

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Relíquias Em Vinil











(clique nas fotos para aumentar)
Como estes "33 rotações" devem existir dezenas esquecidos ou guardados em caixotes, outros certamente estarão estimados e bem conservados. Faz falta um sítio onde se pudesse ressuscitar tão valiosas relíquias tal como estão. Não só discos mas livros, documentos, cartazes. Enfim, parte importante da nossa memória colectiva, para que ela não nos falte nunca.

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Quem Pergunta Não Ofende.


“ (…) Ainda de acordo com o MNECC, o diálogo politico-diplomático em curso com vista a formação de uma nova agenda, com um «pipeline» de empréstimos e projectos de investimento no valor aproximado de 240 milhões de dólares americanos, onde se destacam a cosntrução de habitação social nas ilhas de Santiago, S. Vicente, Boa Vista, Maio e Sal, financiado em cerca de 100 milhões de dólares.
Da mesma carteira de projectos fazem parte a Cimenteira de S. Cruz (65 milhões USD), a reabilitação dos estaleiros da CABNAVE (entre 60 a 65 milhões USD) e a Re-organização e Renovação da Central Eléctrica (10 milhões USD)”.

É muito dinheiro duma assentada. Quem pagará estes “empréstimos e projectos”? Não se diz, alguém há-de pagar.
Construção de habitação social? Mas em Cabo Verde já existe habitação social mais que suficiente. Todos os bairros periféricos às cidades são habitações sociais. Construir ainda mais? Ou quem sabe seria melhor requalificar e humanizar as que existem? É que “construir habitação social” já não se usa, o que parece menos “problemático” é conceder crédito nem que seja a juro zero para cada um construir a sua.
Cimenteira? Para que quer Cabo Verde uma cimenteira? Para exportar cimento? Produzir mais barato do que o cimento produzido no outro lado do mundo só se for mesmo subsidiado. Quem pagará os custos ambientais? Os chineses? Só se for em intenção.
Reabilitação dos estaleiros da CABNAVE? Para quê? Para dar assistência aos 100 palangreiros chineses autorizados a passar a pente fino a ZEE cabo-verdiana, ou seja, o equivalente a 12% da área marítima de pesca na China? Acordo de ouro para os chineses que têm sido corridos de todos os mares do mundo por práticas de pesca nefastas ao ambiente e à biodiversidade e que finalmente encontraram um oásis mesmo a meio do Atlântico Norte.
Reorganização e Renovação da Central Eléctrica? Mas então não era para se fazer uma central única e a renovação da rede?
E já agora, o Parlamento (o País) não discute as opções e os termos desses “interesses comuns”?
Ou muito me engano ou o que vai funcionar muito bem já, já e a todo o vapor, é a CABNAVE. O Império do Meio tem muitas bocas a alimentar agora, mesmo que isso signifique a nossa maior pobreza no futuro.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Porto Mosquito

(clique na imagem para ampliar)
A hora da cor

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Diques Ao Desafio.

Os chineses ofereceram a barragem do Poilão e em resposta os portugueses querem oferecer três barragens. O ministro do ambiente enquadra este cantar ao desafio como a estratégia duma política acertada do seu ministério para o sector. Outros, mais acima, dirão que se trata do resultado de uma prática de boa governação. Os beneméritos sublinham o seu empenho em “ajudar” os mais pobres. E assim vive, também, Cabo Verde deste cantar ao desafio.
Muito antes da proliferação de barragens para irrigação, hectares de painéis foto-voltácios, quilómetros de achada de ventoinhas, é importante saber, ou definir, que modelo de sobrevivência queremos. Queremos um modelo de sobrevivência dependente da “solidariedade” internacional e de negócios de favor ou um modelo de sobrevivência dependente das nossas capacidades, necessidades e decisões.
A segunda alternativa é muito custosa em trabalho, não rende votos fáceis nem inaugurações mediáticas mas é certamente a mais segura no futuro.
Cabo Verde pode e deve aceitar todas as ofertas como País bem feito que é. Mas pode e não deve ficar por isso.
A iniciativa de pensar o futuro tem obrigatoriamente partir de nós. E o futuro não é seguro nem garantido. Tudo depende do nosso trabalho e da nossa atitude, hoje.
A alternativa é simples. Ou toda a gente, todos os cabo-verdianos, estarão comprometidos com a sua própria sobrevivência ou o medo de faltar o amanhã tomará conta da nossa cultura e da nossa esperança.
Vamos guardar água? Sim, vamos todos. Mas para isso é preciso a Lei que mobilize e empenhe o País nesta tarefa, desde a sensibilização à obrigatoriedade para as novas construções integrarem cisternas para captação da chuva em troca de benefícios fiscais.
Vamos produzir energia? Sim, vamos todos. Mas para isso é preciso a Lei que mobilize e empenhe o País nesta tarefa. Se cada um produzir uma pequena parte da energia que necessita e se o País retomar a plantação da Purgueira em larga escala para a produção de biodiesel, serão muitos milhões de contos que o Estado poupará e outros tantos milhões de contos distribuídos directamente pelo mundo rural.
Vamos economizar? Sim, vamos todos. Mas para isso é necessário que o Estado premeie quem economiza e investe e não ande a taxar de vela na mão.
Ou não estamos todos no mesmo barco?
Estamos sim no mesmo barco. E estaremos em todas as borrascas e calmarias. Não devemos recusar qualquer ajuda, mas o melhor mesmo é orientarmo-nos pelas estrelas e pela nossa própria bússola. Capacidade não nos falta, podemos é estar um pouco distraídos com alguns mimos internacionais e com certas cantigas ao desafio.

sábado, 15 de agosto de 2009

Pequeno Equívoco.

Só pode haver um elegante equívoco nas palavras da “madame”, como lhe chamava ontem um fraco mas excitado comentador na TCV, por pequeno que seja. Há frases que ficam bem, palavras também e referências paisagísticas de conforto.
É verdade que Cabo Verde é um País tranquilo, mas não é verdade que seja um exemplo de boa governação. É verdade sim, que é um País onde os governantes sempre se comportaram bem quando se trata de gerir dádivas, apoios e empréstimos. Mas uma coisa é governar bem a outro é comportar-se bem. Cabo Verde tem-se comportado bem mas tem tido, sempre, uma governação muito aquém do que deveria ser o orgulho da Nação.
Não há sinais exteriores de riqueza abusiva, nem abuso de poder dos que estão ou passam pelo governo, nunca houve, mas há sinais exteriores de má governação, desleixo, deus-dará e de certa forma a utilização de uma fórmula mágica que todos nós utilizávamos quando éramos estudantes: fazer o trabalho de casa mais ou menos bem feito para impressionar. Sempre funcionou bem e ainda funciona.
Sem dúvida, sente-se a falta de uma classe (não importa a idade) cabo-verdiana com menos discursos, mais ideias, mais trabalho e mais orgulho nos resultados. É difícil? Claro, but, yes we can!

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Recordar Outros Tempos

Nos últimos dias a casanova tem sido obrigada a um romantismo forçado e a longas horas de “eficiência energética”. Numa das vezes foram dezoito horas seguidas sem energia eléctrica. Para não se perder tudo o jantar foi servido na rua. Foi uma grande sorte não ter aparecido a fiscalização para nos apreender as velas, é que há gente que não brinca em serviço.

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

O Artista.

A propósito de artistas este rapaz é bom. É apresentador de um programa na RTP África - Músicas de África - onde volta e meia anuncia: "e agora vamos continuar a ouvir as grandes músicas de África", depois lá aparece ele de cantor a desbobinar uma lenga-lenga rodeado de cabeças-de-vento. No fim do clip aparecem dois figurantes a abanar a cabeça dizendo um deles: "epá, este gajo é muito bom". E é mesmo, a única coisa má é a RTP África.

domingo, 9 de agosto de 2009

Imprudência.

Hoje apeteceu-me ouvir cantar, por ter ficado a olhar ontem para a televisão um bom bocado a ouvir uma coisa a que chamam "Festival da Baía das Gatas". Agora já me sinto melhor.

sábado, 8 de agosto de 2009

Quem Pergunta Não Ofende.

Cais de pesca da Praia, Santiago
(clique na foto para aumentar)


Por que razão as empresas privadas são alvo de inspecções sanitárias cheias de aparato, muitas vezes mediático, e muito bran-bran, e as empresas e instituições da responsabilidade do Estado não? Será que a saúde pública mora apenas nas empresas privadas? A Inspecção Geral das Actividades Económicas (IGAE) não sabe onde fica o Cais de Pesca da Praia? Ou a Lei não é para todos?
Fiscalizar e exigir procedimentos civilizados de higiene a todas as empresas privadas, significa defender a saúde pública e essas mesmas empresas. Não fazê-lo nas empresas e instituições do Estado significa que a miséria deve compensar para quem vive da máquina do Estado. Sem ofensa, claro!

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

AQUI D'EL REI!

Ninguém pára a extracção de areia em Baía de Nª Senhora da Luz. Lá mandam os donos da pobreza, a impunidade e o crime ambiental num dos mais antigos santuários de biodiversidade de toda a macaronésia. Até quando? Enquanto lá houver areia e o Ministério do Ambiente continuar muito ocupado em atelieres, workshops, oficinas, simpósios e promoção mediática. E também, claro, enquanto fizerem falta alguns votos.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Imagens Deste Mundo.

Ao arrumar as "gavetas" da caixa de correio dei com estas belas imagens de Nuno Sá enviadas em Abril por Jorge Bruno. Obrigado. Magnífico trabalho.

domingo, 2 de agosto de 2009

O Gesto Diz Tudo.

Malam Bacai Sanhá foi eleito sem espinhas. Fez muito bem a comunidade internacional em não abandonar o barco, aguentar a tempestade e acreditar, como sempre, que há uma larga maioria de pessoas de bem que teimam em acertar o passo à Nação Guineense com a democracia, o estado de direito e a prosperidade económica.
Dito isto, muitas vezes dito, é preciso que se diga e se anote um grande sinal, qual presságio, de uma grande vontade que tudo seja diferente. Malam Bacai Sanhá antes de ser empossado legítimo Presidente, virá, disse, a Cabo Verde convidar formalmente o País a estar presente na sua posse oficial.
Eu sempre pensei, e continuo convencido, que estes dois países irmanados pela história constituirão num futuro próximo um cadinho de muitas experiências inovadoras e um tear imenso de mútuos investimentos. Cabo Verde beneficiou da insularidade que lhe permitiu tranquilidade para criar muitas estruturas importantes e uma democracia sem dúvidas, a Guiné-Bissau beneficia da sua imensa capacidade em recursos naturais e sobretudo duma vontade popular desejosa e consciente em acertar o passo do País com a democracia.Cabo Verde há-de entender o gesto e no dia da tomada de posse de Malam Bacai Sanhá, Pedro Pires aterrará em Bissau com um avião cheio de empresários, universitários, poetas, médicos, deputados, ministros, enfim, gente que comece a falar finalmente, e a sério, num futuro comum a construir por uma juventude sem teias de aranha na cabeça.