sábado, 29 de maio de 2010

SNQ

Decorreu ontem a apresentação do Decreto-Lei nº 8/2010 que estabelece as bases do futuro Instituto que há-de desenvolver e gerir o SNQ, Sistema Nacional de Qualidade, um passo importante para a implementação da Normalização, Metrologia e Avaliação da Conformidade, actividade de Certificação e a de Acreditação. Excelente iniciativa que se enquadra num projecto mais vasto que integra vários países da Região.
Ficou-se a saber que já existem em Cabo Verde sete empresas certificadas, todas elas na área dos serviços. Pelas exposições e experiências relatadas a coisa é mesmo um osso duro de roer mas as mudanças são visíveis e os resultados excelentes para essas empresas que depois têm de permanecer num ciclo de avaliação contínuo e escrutínio apertado para segurarem a Certificação obtida. Com a criação do SNQ muitas outras empresas, espera-se, hão-de aderir a este “novo mundo”.
Seria ouro sobre azul se os diferentes departamentos e serviços da Administração Pública resolvessem aderir também a este “novo mundo” e quisessem certificar o seu desempenho. Cabo Verde seria outro País, ficaria mesmo irreconhecível.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

A Primeira Venda (II)



(In Africa - Infomarket.org - Julho 2005)
"casa arrombada trancas à porta" - por sinal uma frágil tranca sem orientação.

Se, como escrevi no post anterior, é muito difícil ultrapassar a primeira fase da Primeira Venda, mesmo que em alguns casos fosse possível o acompanhamento de perto e o incentivo com a oferta de melhores preços pelo pescado a alguns mestres pescadores, a fase seguinte é, de momento, impossível de ultrapassar. O País não dispõe de estruturas adequadas, nem regulamentação, para a Primeira Venda. Sempre se falou da “aposta no sector das pescas” com vista à exportação e consequentemente o aumento do seu peso no PIB, mas as intervenções nunca foram na direcção certa. Muitos estudos, muitas sensibilizações, workshops, ateliês, visitas, viagens, subsídios, apoios e discursos. Mas no crucial não se tocou: a Primeira Venda.
Não é necessário que se pense em Lotas, não fazem falta e só complicam. No entanto é imprescindível dotar o País de estruturas simples mas funcionais onde se façam as descargas e o controlo sanitário do pescado em todos os portos possíveis. Casas do Peixe onde se efectua a Primeira Venda que significa pesar, verificar, monitorizar, certificar e cobrar uma taxa pela venda e pela compra para que o Estado possa financiar a manutenção dessas estruturas e o seu bom funcionamento e onde os pescadores, por exemplo, possam ver amortizados os seus empréstimos à banca ou outras estruturas de crédito, em função das capturas, pois como é sobejamente sabido ninguém vai pagar atempadamente o que deve e foi por isso que ficaram dezenas de embarcações por pagar, falidas e destruídas no passado recente.
As Casas do Peixe não servem para amanhar peixe como acontece na imundice chamada Cais de Pesca da Praia, servem para introduzir no mercado o peixe em boas condições de higiene e qualidade. Não servem de ancoradouro mas apenas para a obrigatória descarga do pescado e operações seguintes. Servem para garantir valor ao consumo e à exportação de peixe.
Enquanto não houver uma política de pescas que dê a maior das prioridades à regulamentação e implementação da Primeira Venda será impossível tirar partido deste sector crucial para as exportações em Cabo Verde. O perigo de um novo embargo é maior do que um bote à deriva, salvo seja.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Primeira Venda (I)

Em Cabo Verde também existe, a primeira venda, mas sem regras, nem rei nem roque. E esta é uma peça determinante no sucesso das múltiplas actividades no sector das pescas mas sobretudo na exportação que, a seguir à sustentabilidade, é o que interessa ao País.
Os pescadores já descobriram que o gelo é bom para conservar por mais algum tempo o pescado para não terem necessidade de o descarregar logo podendo ficar no porão por mais dois ou três dias, encostados ao cais, a aguardar melhor preço.
Mas o que eles, a esmagadora maioria não descobriram, é que a venda do peixe começa logo que este chega à borda do barco e ainda dentro de água. A adrenalina própria da caça-recolecção fá-los maltratar os animais com fisgas e paus de tal forma que acabam por danificar peças muito valiosas deixando-as com feridas expostas que rapidamente infectarão todo o corpo. Como se isso não bastasse os peixes ficam a acabar de morrer expostos ao ar, ao Sol e ao luar que, não parecendo, é fatal para a conservação de algumas espécies. O gelo é a última coisa, é quando já não há mais nada para fazer.
A consciência do valor reside apenas no sentimento primário da oferta e procura. Se há muito é barato se há pouco é caro. Não estando errada a ideia falta-lhe acrescentar ainda mais valor em todas as circunstâncias. Sempre ouvi pescadores e peixeiras retaliarem-me: este peixe está fresco não precisa de gelo.
Tínhamos possibilidade de “brigar” em mercados tão duros como, p.ex. o de Tóquio mas infelizmente o negócio “morre” à borda dos nossos barcos.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Trigo Do Joio.

Vou continuar aqui mas só a postar peixeiradas e marés afins. Aqui a história é pessoal a partir de hoje. E brevemente a casanova vai dar conta do que o prezado comensal pode escolher no dia a dia na tasca do Plateau para além do que se possa receitar por costume ou referir na rica literatura gastronómica deste e doutros paralelos.

domingo, 23 de maio de 2010

Sensibilizar.

Desde que Cabo Verde tomou as rédeas da sua marcha têm sido às centenas as acções de sensibilização para tudo o que é dificuldade. Saúde, lixo, violência, política e inúmeras causas de toda a ordem. Umas com melhores resultados do que outras, têm sido uma ferramenta que os governantes recorrem com assiduidade para, digamos, apresentar serviço. Nas pescas e actividades relacionadas já se fizeram encontros e explicações sobre tudo o que há para dar, distribuindo à borla caixas térmicas em múltiplos formatos e subsídios para tudo, gelo, motores, embarcações, viagens de estudo, artes, já para não falar nas fortunas gastas em estudos sobre o sector e em estruturas abandonadas.
Resultados? Não pode haver, simplesmente porque a sensibilização está invertida. Não são os pescadores, peixeiras e operadores que precisam de sensibilização. Quem precisa de se sensibilizar é quem tem por tarefa fazer aplicar a legislação ou criar regulamentação. O estado de insanidade e abandono a que se deixou chegar os portos de pesca, estruturas da responsabilidade de todos os governos idos e vindouros, é no mínimo confrangedor e não se percebe por gozam os pescadores e as peixeiras de tantas mordomias.
Se é proibido a uma rabidante vender no passeio público ou um comerciante vender produtos fora de prazo pelo que se ordena aparato policial e tema noticioso, não se percebe porque razão um pescador ou uma peixeira não são obrigados a cumprir a Lei em tudo o que diz respeito à manipulação, trato e conservação do pescado. Não só não são obrigados e por isso não cumprem como ainda por cima volta e meia são alvo de “sensibilizações” por conta do erário público para o qual não contribuem com uma espinha sequer.

domingo, 9 de maio de 2010

É Tempo De Espadarte.

1º De Maio

No sítio do costume - Porto Mosquito