segunda-feira, 19 de março de 2007

Célula Combustível

(Automóveis da Toyota com célula combustível - Wikipédia)


(…)

Os passos decisivos que faltam.
Mas no mundo do automóvel ainda não se deram os passos decisivos. As motorizações seja do diesel, seja da gasolina, têm um fraquíssimo aproveitamento energético, pouco superior aos primeiros motores da Ford do início do século XX. Por outro lado pese embora alguns melhoramentos em termos de redução de emissões específicas, a massificação do uso do automóvel vem contribuindo decisivamente para a explosão das emissões de CO2.

Contudo, alguns sinais são visíveis no mercado que apontam para alterações profundas que a maior ou menor prazo irão revolucionar o mundo dos transportes. As grandes construtoras norte-americanas do mundo automóvel registaram, em 2006, prejuízos record que se contam por milhares de milhões de dólares. Em contrapartida, os japoneses, com os seus veículos de baixo consumo e com a colocação no mercado dos veículos híbridos (que usam electricidade em complemento do motor de explosão) mostram-se radiosos de lucros e perspectivas. De tal forma que a própria indústria norte-americana está a investir recursos astronómicos na investigação de novas soluções que a salvem de uma falência catastrófica. O segredo chama-se célula combustível.

Célula Combustível.

A Célula Combustível é como uma bateria, mas que converte a energia química de um combustível (o hidrogénio) em electricidade. Ou seja, e ao contrário de uma bateria normal, enquanto lhe for fornecido o hidrogénio, ela não se esgota, gerando permanentemente electricidade. O princípio é simples e já foi testado, nomeadamente em naves espaciais da NASA: como nas baterias, um ânodo, um cátodo e um líquido electrólito entre eles. O hidrogénio é injectado no ânodo, onde ocorre uma reacção que “parte” o átomo, separando o protão do electrão. Este, uma vez liberto, entre no circuito eléctrico do motor, enquanto os protões se deslocam para o cátodo através do electrólito. Os electrões ao retornarem ao cátodo, reagem com os protões e o oxigénio, criando água. Ou seja, a reacção produz energia eléctrica, calor e água destilada. Energia eléctrica que, por sua vez, se vai transformar em movimento e pôr o veículo em marcha, sem ruído e sem qualquer poluição. E esta máquina maravilhosa não é ficção científica, é já realidade e poderá estar no consumidor a um prazo razoável mais depressa do que muitos analistas têm afirmado. A Daimler-Benz tem um programa de 350 milhões de dólares para produzir 100 mil carros com células combustíveis até final da década. A Ford associou-se a este programa, elevando o nível de investimento a mil milhões de dólares. A GM espera ter os seus modelos no mercado também até 2010 e a Toyota também os quer ter a circular na corrente década. E é um descendente de Henry Ford, presidente da Ford Motor Company que afirmou acreditar “que as células combustíveis acabarão com o reinado de 100 anos de motor de combustão interna”. (…)

(Revolução Energética – Carlos Correia da Fonseca - Coluna do Director no Jornal Transporte Público, Mobilidade Inteligente, nº 6, Fevereiro 2007)