quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Boas Festas!

sábado, 30 de outubro de 2010

O 8 E O 80

Nunca, nem os de dentro nem os de fora quiseram olhar para o sector das pescas com olhos de ver.
Ou há-de ser tudo pomposamente grande ou há-de ser tudo à banheira de plástico.
A ideia tem raízes e história mas tem também um erro de princípio: não ter a consciência da exacta medida do seu tamanho.
Quem acha que depende de 30 toneladas de cavala e melva por dia para sobreviver nunca encontrará o poiso certo para as suas necessidades e dormir descansado. Nem tão pouco na China onde não há cavala para pescar. Essa quantidade, 10.000 toneladas de cavala e melva por ano não existe em lado nenhum à espera de ser pescada e, nem há cavala o ano todo à disposição de nossas excelências, como toda a gente sabe, mesmo os que não distinguem uma cavala dum cachalote sabem que a cavala tem época.
O que existe são empresas que se especializam em juntar cavala (e outros peixes) de diversas proveniências do mundo e assim conseguem concentrar grandes quantidades de pescado que depois vendem. É uma opção disponível para quem quiser fazer uma fábrica muito longe do mar ou no meio de um deserto ou mesmo à beira mar, é só medir os custos.
É preciso dizer ainda que o Estado de Cabo Verde já teve frota pesqueira e o sistema faliu, não tem frota porque não pode ter e se vier a ter será um desastre, pois pescar para garantir pescado para a indústria não é a sua função. Mas aqui os governos gostam de entrar na festa da grandeza, dos números e da propaganda e o que têm feito é envolverem-se em promessas e compromissos que não podem cumprir. Os resultados sempre foram os mesmos que todos sabemos.
Por sua vez os Bancos, que de peixe nada entendem e olham para tudo com a mesma matriz, também mordem o anzol  passando a vida a queixarem-se da má sorte e por isso têm medo das pescas como o diabo da cruz, se bem que a cruz da imobiliária que transportam é mil vezes mais pesada e espinhosa, um calvário que eles próprios edificaram.
Cabo Verde tem tudo para que se sinta o peso pesado do peixe na economia e a sua contribuição na melhoria da qualidade de vida das pessoas mas para isso não pode continuar a ter apenas duas medidas quando fala de pescas e do mar.

sexta-feira, 22 de outubro de 2010

O Imutável.



Por estes dias dei um saltinho à Ilha do Sal e fiquei de veras convencido que há coisas que não mudam apenas porque não são obrigadas a mudar, ou ninguém as quer mudar. Espargos está diferente, para melhor, e muita coisa mudou. Por exemplo, passou a haver muitas vias de sentido único e outras foram simplesmente encerradas ao trânsito automóvel. A Vila – desculpe, a Cidade – está mais asseada e melhor ordenada. De certeza que houve muitas outras mudanças para melhor que não tive oportunidade de saber.
No entanto há coisas espantosas. O Mercado e o pelourinho de peixe são os mesmos de há 20 anos para cá, e o novo “Mercado de Peixe” funciona à mesma na rua. Quero dizer, os procedimentos para com a manipulação e venda de peixe são os mesmos de há 20 anos: peixe na rua ou ao ar livre, moscas de muitas espécies e cores, água suja e absoluta indiferença das autoridades sanitárias.
Se um carro circular nas vias reservadas a peões, ou em sentido contrário, ou se estacionar onde não deve, a Lei é clara e a autoridade faz-se sentir num estalar de dedos. Mas a manipulação, conservação e venda de pescado tão importantes para a saúde de todos nós não tem lei nem mando. Bom, não tem para esses vendedores, no Sal ou em qualquer parte do País, e para as estruturas sob a tutela do Estado. Para os outros… claro que tem lei e as “mudanças” são obrigatórias. Acho bem.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Segurança Alimentar.

Hoje.

quarta-feira, 6 de outubro de 2010

Favas Contadas? Nem Na Venezuela.

domingo, 3 de outubro de 2010

Do Calor...


toda a gente se queixa!

terça-feira, 28 de setembro de 2010

Boas Notícias Para A BOMMAR.


Confesso que andei com o coração nas mãos, mas devo confessar também que a determinação e o empenho do actual Director Geral das Pescas aconselhou-me a ter mais confiança. Resultou. Este embargo anunciado seria a nossa morta prematura. Estamos juntos.

O Deputado Escreveu.

(...). Encontrar produtos de grande valor acrescentado que garantam retornos de capital atractivos e níveis de rendimento adequados e sustentáveis deve ser o principal foco das acções no sector. A possibilidade de usar o óleo da purgueira como biodiesel deve ser energicamente investigada. O mercado nacional do diesel está acima dos 90 mil toneladas desse combustível. Substituir 10, 20, 30 ou mais % por óleo produzido localmente teria consequentes extraordinárias no rendimentos das pessoas, efeitos macroeconómicos favoráveis para além do impacto ambiental derivado do aproveitamento dos terrenos das zonas semi-áridas do país. Outros países, grandes e pequenos, criaram através de legislação o seu mercado de biocombustíveis. E agora colhem os benefícios disso. Cabo Verde também deve ser ousado e não deixar de explorar o que pode vir a revelar-se um mercado anual de milhões de dólares com directo impacto no mundo rural

sábado, 18 de setembro de 2010

Belo Djuntamon



Milho, feijão e purgueira (Jatropha curcas).
Quem anda a espalhar a asneira que a produção de biodiesel prejudica o cultivo de alimentos fala por falar, di-lo de má fé ou preza pelo desconhecimento.
A purgueira deveria ser plantada em todos os terrenos porque não atrapalha em nada o cultivo de sequeiro. Pelo contrário traz dois benefícios: fertiliza os terrenos e produz em contra-ciclo com as culturas de sequeiro aumentando a produtividade dos terrenos.
A rainha das plantas em Cabo Verde, a purgueira, é capaz de produzir sementes em qualquer terreno, arável ou entre rochas e penhascos, descampados ou ribeiras. Sem dúvida que produzirá mais nuns do que noutros, mas produz em todos sem incomodar as outras culturas.
Por enquanto ainda é a pobre infeliz de entre as energias renováveis que não merece qualquer atenção. Por enquanto a atenção vai para os painéis foto voltáicos made in estrangeiro, ou melhor, para o negócio de milhões que estes rendem só para alguns eleitos neste paraízo das alternativas. O povo rural está fora do jogo e por isso “pica tabaco”. Por enquanto.

Além De Grande...

quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Os Outros Assuntos.




Nesta entrevista, o cientista cabo-verdiano toca, ao de leve mas o suficiente para percebermos muita coisa de dois assuntos para mim da maior importância: a total displicência com que os cabo-verdianos deixam delapidar o património genético da purgueira, este e outros, e o desprezo e abandono a que vetaram esta histórica e preciosa planta, não lhe dando qualquer importância.
De facto, falar de energias renováveis hoje está na moda e é chique. Eólica e foto voltaica são palavras que ficam bem e fazem dos políticos pessoas modernas e futuristas. A meu ver o interesse é grande porque o negócio é muito rentável para poucos, não tenho dúvidas.
Pelo contrário, falar da purgueira é falar do passado e sobretudo tem dois problemas pouco interessantes para a política, o primeiro é que os resultados levam tempo a aparecer e o segundo, é que o negócio tem que ser dividido com o todo o povo rural de Cabo Verde. É só por isso que os políticos, todos, assobiam para ar quando se fala da purgueira (Jatropha curcas) para a produção de uma parte substancial da energia que o País necessita.
O cientista prefere não falar do assunto. Percebe-se porquê.

domingo, 22 de agosto de 2010

Dependências.


Ontem acompanhei até onde pude um debate na TCV sobre cultura. Para mim foi uma surpresa. Citou-se as palavras Estado, apoio e subsídio tantas vezes por "minuto quadrado" que perdi a conta. Pensei que isso fosse um vício apenas das pescas.

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Morder O Anzol.

(clique na imagem para aumentar)

Este artigo publicado no Jornal Expresso das Ilhas impresso nesta semana é muito interessante. O autor escreve sobre um comportamento, na minha opinião, inerente a todos os ministros que tutelaram o sector das pescas. O actual e os anteriores. A tentação é grande sempre que há maré de eleições. Acredito, mas também é só uma opinião, que o actual Director Geral das Pescas tem mesmo vontade e intenção de tornar útil ao País os excelentes conhecimentos que aprendeu, não fosse ele da geração que está a chegar mesmo a calhar.
Digo isto porque os pescadores, os nossos e muitos outros, sabem muito bem pescar no mar e em terra. E sabem-no há muitos anos.
Eles sabem que o Estado é que depende deles e não o contrário. O Estado necessita dum “sector das pescas”, de estatísticas, de apoios internacionais, acordos, simpósios, justificação para uma ZEE, e tudo o  mais que se relacione com pescas. Como se não bastasse, eles sabem que o partido que, legitimamente, governa em qualquer momento tem necessidade dos seus votos como de pão para a boca.
Então tudo é fácil, basta iscar um anzol com queixas e problemas: frigorifico cá tem, gelo que falta, bote piquinote, motor fraco, anzol cá tem, corda é curta, linha é fina, mala pouco e por aí fora. Conclusão, todos os governos morderam o anzol.
Mas o interessante é que isto não rende nenhum voto, ou talvez um ou dois mas sem qualquer importância, simplesmente porque como todos os governos (partidos) se comportam da mesma maneira apenas, eu pescador, armador, operador, ou seja quem for, preciso tão só de bater palmas pelos “apoios” ou “contemplações” e depois voto em quem quero, sem espinhas. Nada muda, nem tão pouco os pescadores estão interessados em mudanças.
Para falar mesmo verdade, não sei se haverá alguém interessado em mudanças.
Mas como a mudança é um imperativo do futuro e não para hoje, seria muito bom que ela, a mudança, começasse pela maneira de pensar as pescas que vem “de cima”. Primeiro o governo tem que pensar nas suas obrigações: fazer cumprir a Lei e criar, de uma forma determinada, os mecanismos para que o pescado seja introduzido no mercado em excelentes condições e junto com esses mecanismos os sistemas de crédito e cobrança.
Depois quem quiser pescar que pesque. Os anzóis vendem-se na loja e se na loja forem caros façam uma cooperativa, se quiserem. Agora, pescarem-se uns aos outros é que não leva a lado nenhum.

domingo, 15 de agosto de 2010

Colecção Nus É Coitado.


quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Duvido.


Também pode ser uma estratégia, distribuir malas térmicas e outros apetrechos para provocar um ajuntamento e aí aproveitar para se dizer coisas que de outra forma não surtiriam efeito. Não está mal pensado, só falta saber se alguém as quer ouvir, ou se as ouve, porque há coisas, sempre as mesmas, que se dizem há anos e… nada acontece.
Já agora gostaria de perceber para que serve uma “associação de pescadores e peixeiras”. Será para concertarem os preços do pescado? Não vejo outro fim.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

Remar É Preciso.

Tempos houve em que o peixe tinha preço garantido e era pago mesmo antes de ser capturado. Bons tempos esses que não voltam mais. Tudo era simples, grande e eficaz, nem era preciso fazer muitas contas e as poucas que se faziam batiam sempre certinho.
Depois o mundo mudou não deixando nada garantido, os barcos entretanto apodreceram, as estruturas caíram aos bocados, cada um salvou o que pôde. Mas duas coisas houve que não mudaram: a nostalgia desses tempos e o apego do Estado pelo que ainda resta dessa época que o transforma um pouco em bombeiro das crises dessa agonia que de vez em quando vem à tona.
Na altura ninguém tinha dúvidas, de resto era uma coisa que ficava feio para quem mandava. Hoje não é tanto assim, mas não deixa de ser interessante observar que pouca coisa mudou.
Agora há eleições e por isso os governos mudam e os poderes alternam-se, mas no essencial a concepção para o sector das pescas não mudou, a ideia de que o Estado deve ser o “pai-de-todos” e o “mata-piolhos”.
Sempre que há uma mudança de governo anunciam-se “novas” medidas para o sector. Mais apoios, mais encontros, mais dinheiro disponível, mais de tudo. Numa dessas alternâncias o governo até “decretou” a proliferação de cooperativas de pescadores para que pudessem existir proprietários para os muito barcos mandados construir com dinheiro vindo de todos os lados. Foi mais um momento de prosperidade para intermediários, funcionários ditos técnicos, pescadores, peixeiras e até imprensa. Mas não passou mesmo de um momento, tudo acabou tão depressa como foi pensado.
Uma longa lista de “medidas” tomadas poderiam servir de exemplo e outra extensa lista de “medidinhas” contemplando generosas ofertas de linhas e anzóis fizeram do sector das pescas uma espécie de biblot do Estado. Parece haver perguntas proibidas que não se fazem porque muitas outras também nunca se fizeram, como por exemplo, para que serve o INDP? Ou, para que servem as muitas estruturas de pesca doadas pelas cooperações, e que nunca chegaram a funcionar para os fins que deviam?
Esta dormência faz com que o sector esteja sempre à espera que surjam novas e mágicas medidas. Até os deputados no Parlamento falam em tom altivo e o dedo em riste parecendo guardar segredos e medidas que só serão revelados na volta do próximo governo. Há dias uma associação de armadores “queria respostas do governo” sobre respostas que eles próprios não dão. Histórias que nunca mais acabam. Outro exemplo, umas beneméritas cooperações de mãos dadas com o governo ofereceram há meses dois botes “fibrados” de boas dimensões a duas comunidades piscatórias, nenhum deles pescou ainda um carapau, um está fundeado e mete água porque a fibra de vidro não chegou para tudo e o outro está em terra e ninguém o quer montar porque, dizem, tem “mau-olhado”. Mas foram momentos de glória com a entrega, o baptismo e os discursos.
Está na hora do Estado deixar-se de nostalgias, folclore e intervenções inúteis e pensar no que deve: zelar pelo imenso património dentro da ZEE e garantir que o pescado é introduzido no mercado em excelentes condições. Este é que é o apoio que as pescas nunca tiveram.
O resto? É só puxar pelos remos, para quem quiser remar, claro.