quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Morder O Anzol.

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Este artigo publicado no Jornal Expresso das Ilhas impresso nesta semana é muito interessante. O autor escreve sobre um comportamento, na minha opinião, inerente a todos os ministros que tutelaram o sector das pescas. O actual e os anteriores. A tentação é grande sempre que há maré de eleições. Acredito, mas também é só uma opinião, que o actual Director Geral das Pescas tem mesmo vontade e intenção de tornar útil ao País os excelentes conhecimentos que aprendeu, não fosse ele da geração que está a chegar mesmo a calhar.
Digo isto porque os pescadores, os nossos e muitos outros, sabem muito bem pescar no mar e em terra. E sabem-no há muitos anos.
Eles sabem que o Estado é que depende deles e não o contrário. O Estado necessita dum “sector das pescas”, de estatísticas, de apoios internacionais, acordos, simpósios, justificação para uma ZEE, e tudo o  mais que se relacione com pescas. Como se não bastasse, eles sabem que o partido que, legitimamente, governa em qualquer momento tem necessidade dos seus votos como de pão para a boca.
Então tudo é fácil, basta iscar um anzol com queixas e problemas: frigorifico cá tem, gelo que falta, bote piquinote, motor fraco, anzol cá tem, corda é curta, linha é fina, mala pouco e por aí fora. Conclusão, todos os governos morderam o anzol.
Mas o interessante é que isto não rende nenhum voto, ou talvez um ou dois mas sem qualquer importância, simplesmente porque como todos os governos (partidos) se comportam da mesma maneira apenas, eu pescador, armador, operador, ou seja quem for, preciso tão só de bater palmas pelos “apoios” ou “contemplações” e depois voto em quem quero, sem espinhas. Nada muda, nem tão pouco os pescadores estão interessados em mudanças.
Para falar mesmo verdade, não sei se haverá alguém interessado em mudanças.
Mas como a mudança é um imperativo do futuro e não para hoje, seria muito bom que ela, a mudança, começasse pela maneira de pensar as pescas que vem “de cima”. Primeiro o governo tem que pensar nas suas obrigações: fazer cumprir a Lei e criar, de uma forma determinada, os mecanismos para que o pescado seja introduzido no mercado em excelentes condições e junto com esses mecanismos os sistemas de crédito e cobrança.
Depois quem quiser pescar que pesque. Os anzóis vendem-se na loja e se na loja forem caros façam uma cooperativa, se quiserem. Agora, pescarem-se uns aos outros é que não leva a lado nenhum.

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