Navegar não é preciso.
Se há assunto que os governos gostam pouco de discutir este é um deles, as pescas.
Sobrepõem-se interesses, alguns muito antigos, num sector da economia condenado neste século a mudanças de 360º. Muito se inventou, desde cooperativas e apoios até encontros internacionais mas a coisa nunca deu certa.
Esta questão é política mas não tem cor partidária nem é exclusiva de Cabo Verde.
Os recursos marinhos estão a diminuir. A razão é simples, não se vê nem se sabe a quantidade de vida que realmente existe no oceano. Calcula-se, mas com muito pouco rigor. E, se tiramos sem repor… um dia acaba.
A ideia do bravo pescador chegou ao fim. Como chegou ao fim, há muito tempo a ideia do bravo caçador.
Hoje ninguém no seu juízo caça vacas, porcos, galinhas e tantos outros animais para se alimentar.
Hoje alguém com juízo tem que pensar em reproduzir e criar os peixes. Este é que vai ser o futuro e o sustento das gerações vindouras.
Os responsáveis e entendidos nas pescas fazem do assunto quase um tabu. Em inúmeros encontros, reuniões e discursos sobre pescas passam a lado da solução fundamental: mudar tudo!
Um barco de pesca, ou uma frota de pesca é muito cara e dispendiosa de manter, equipar, renovar e sobretudo pagar.
O que vem à rede é peixe, ou, nem tudo o que vem à rede é peixe e então joga-se fora. Uma atitude ultrapassada e displicente para com a natureza.
Todos os anos morrem pescadores com o pesar de todos mas sem grande indignação geral.
E por aí fora.
Cabo Verde tem mais de
Pescar não é a solução. A solução é investigar, reproduzir espécies adaptáveis ao desenvolvimento em cativeiro, criar peixes, exportar e ocupar um lugar importante no comércio internacional retirando da pobreza centenas de pescadores. Com um forte crescimento, a produção em cativeiro ocupa hoje 10% do consumo mundial de pescado.
Tanta costa, tanto mar! Não acabará de certo a pesca, como não desapareceu a caça. Mas a pesca tal como se faz hoje não tem sentido.