segunda-feira, 23 de abril de 2007

Um Exemplo de Sucesso.


Imagens do livro AÇORES VISTOS DO CÉU , edição ARGUMENTUM, Lisboa 1998.
Fotógrafo, Filipe Jorge

Neste lugar, Fajã de Santo Cristo, ilha de S. Jorge, Açores, reproduz-se com sucesso uma amêijoa. Mas foi necessário uma importante intervenção por parte das autoridades e de ambientalistas locais para “salvar” esta espécie.

Neste sítio da autoria de Rogério F. Ferraz podemos encontrar a seguinte referência:

As amêijoas são moluscos que possuem uma concha dupla (bivalve) que envolve todo o organismo e o protege dos predadores. No arquipélago dos Açores ocorrem poucas espécies de amêijoas com interese pesqueiro. A única espécie comercialmente explorada é a vulgarmente conhecida por amêijoa-boa - Tapes decussatus -, que ocorre apenas na Ilha de São Jorge, mais precisamente na Lagoa da Fajã de Santo Cristo. Apesar de existir no continente (Algarve, Aveiro, etc.) em nenhum outro local atinge um tamanho tão grande como em São Jorge (mais de 8 cm).

Figura 7: Ameijoas apanhadas na Lagoa da Fajã de Santo Cristo (Ilha de São Jorge). Foto de: RS Santos © ImagDOP.

As amêijoas alimentam-se filtrando a água através das brânquias e retendo as partículas alimentares que se encontram em suspensão na água. Como vivem geralmente enterradas, necessitam de ter um sifão que atravesse o sedimento. A concha das amêijoas é bastante robusta e tem uma cor acastanhada, com umas bandas mais escuras. Os sexos estão separados e não é possível identificar cada um deles externamente. A reprodução ocorre no Verão, dando-se a fecundação na água livre, logo após a libertação dos óvulos e espermatozóides.

A exploração deste recurso é regulamentada pelas portarias n.º 63/89 (29 de Agosto) e n.º 23/92 (14 de Maio). As medidas adoptadas pelas mesmas são:

  • obrigatoriedade de todos os apanhadores possuírem uma "licença de apanha", efectuarem todas as descargas em lota e preencherem um "Diário de apanha";
  • período de defeso entre 15 Maio e 15 de Agosto;
  • tamanho mínimo de captura de 30 mm;
  • proibição de captura na zona-entre-marés;
  • a captura máxima permitida por apanhador licenciado é de 50 kg por mês;
  • utilização de ancinhos com um mínimo de 3 cm de distância entre dentes.

Em Cabo Verde também existe um excelente habitat para uma espécie endémica de bivalve no lugar de Baía de Nª Senhora da Luz, Ilha de Santiago, como já referimos. Mas por enquanto está abandonado e de momento são extraídas grandes quantidades de areia que acabará em breve com aquele eco sistema.


No início deste ano enviámos aos lideres dos grupos parlamentares uma chamada de atenção para tão importante problema ecológico e económico. Ninguém se importou com o assunto, talvez tivesse suscitado apenas um sorriso pelo significado popular da palavra caixinha. A única entidade que já manifestou preocupação até esta data foi a Câmara Municipal de S. Domingos, a quem deveria ser concedida aquela reserva e de quem esperamos empenhamento na salvaguarda e recuperação de tão valioso património natural.