A Ameaça.

Há muito que a Electra é a bruxa má do filme que não deixa dormir os sucessivos governos e massacra a população com cortes e recortes de luz.
A nova e a velha imprensa teima em reduzir o problema aos casos de gestão, à incompetência, às avarias, às dívidas, à conjuntura internacional, às críticas, aos contratos supostamente mal negociados como o da emenda da privatização que se revelou desastroso. Ninguém no seu perfeito juízo programa meter 27 milhões de euros num buraco de 80 milhões de euros de dívidas sem que desde o primeiro minuto não imponha uma regra de ouro: toda a gente tem que pagar a energia que consome. Como ninguém quis pagar, nem pagou, o milagre da privatização tornou o buraco maior, ficando a batata ainda mais quente.
O modelo faliu há muito. O modelo que espera um milagre exterior, alguém que nos salve e que nos resolva, a troco da morabeza e muitas praias, as nossas necessidades energéticas.
A Electra vai continuar a sugar o dinheiro dos impostos, a remendar cabos, a praticar preços abaixo do custo, a dever juros riba juros, a gerir conflitos internos, a fazer cortes e a cair de podre. Os coitados vão continuar a roubar energia por direito e benevolência por serem coitados e o resto compra geradores que é para aprender. O petróleo vai continuar a subir e os governantes a falar de conjuntura internacional e desenvolvimento sustentável.
Mas da necessidade de Cabo Verde produzir energia a partir dos recursos naturais que tem – e são muitos – ninguém fala nem insiste. Não é prioridade. Nem parece que tenha alguma coisa a ver com o modelo energético em vigor.
A Electra não é ameaça para ninguém. A verdadeira e real ameaça espreita perigosa e com efeitos destruidores, por certo irreparáveis, para uma economia e um País como Cabo Verde: uma crise energética internacional.
Os tempos são mesmo de mudança.
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