sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Janeiro.

Olhei agora para o calendário e para as horas. Não me enganei. São vinte e três horas do dia 9 de Janeiro de 1974. A noite está muito fria, chuvosa, mas o sótão está quente. Muitos livros, jornais, panfletos, papéis espalhados por todo o lado não deixam sair o calor. A máquina de escrever qwerty não é boa, mas serve. E os stencils são de má qualidade, mas servem também. E o poli copiador, cansado, já prestou muitos serviços à Navy. Os cigarros não têm filtro mas são óptimos, e quando acabam no maço reciclam-se no cinzeiro. Não há silêncios.
Alguns de nós ainda estão vivos. Argumentamos a vida e as ideias. Mas que noite fria é esta! Lá fora, no céu, não há estrelas. Não pode haver. Ainda não estamos em Abril.


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