segunda-feira, 2 de março de 2009

Bem-vinda Crise.


Há males que teimam em vir por bem. O mau tempo em forma de crise financeira e por isso económica que tem baralhado as contas aos governos é um desses males que já fazia falta. Ainda bem que a bolha rebentou.
E o que rebentou foi a velha bolha da “Dona Branca”, a bolha da ganância e a da esperteza saloia de vender cabritos quando cabras não têm.
Por esta pátria de Baltazar a coisa já assumia contornos de orgia. Arribaram aves raras e sábias em engenharia financeira. Claro, deslumbraram que nem anjos caídos do céu com os seus cartões dourados, retóricas de competência e finos gostos pelas sedosas peles crioulas. O País dirigente embarcou e esqueceu-se do resto do País. A agricultura, pecuária, pescas, energia, transportes, saúde, enfim tanto mar por navegar foram nos últimos anos considerados apêndices ao ponto de alguns crânios até profetizarem que Cabo Verde brevemente viveria apenas do turismo. É no que dá os almoços de trabalho, simpósios em formato PowerPoint, congressos de nada, workshops para a televisão e sobretudo desprezo pelo País que não usa telemóvel de última geração nem compra com cartão de crédito, o País que busca todas as manhãs aqueles dez escudos para a lata d’água.
Esta crise é óptima. Vem lembrar-nos que há um País para se sustentar e crescer, um País de muitas oportunidades de negócios limpos e produtivos capazes de fazer sair da pobreza a esmagadora maioria do seu povo. Bem-vinda crise.

Sem comentários: