terça-feira, 22 de setembro de 2009

A Reboque? Para Quê?





Finalmente o tema da aquacultura como mais uma possível actividade geradora de riqueza parece estar a ser apontada pelo governo como importante.
Não vejo com bons olhos, já escrevi, a introdução de espécies estranhas à biodiversidade autóctone do País, nem me parece inteligente andar a reboque do que toda a gente faz para o mercado internacional.
Como se sabe a aquacultura dirigida ao camarão e à lagosta requer um enorme investimento que só terá retorno com produções igualmente enormes. Apesar de Cabo Verde dispor de uma importante costa marítima, a maior parte da sua configuração não permite determinado tipo de aquacultura numa escala rentável.
Por outro lado não sei por que razão teremos que entrar na aquacultura por uma via megalómana. Por que razão tem de ser a lagosta e o camarão, animais que toda a gente faz no mundo e em proporções gigantescas. Por que razões terão que ser os chineses a “avaliarem” as potencialidades e não os nossos jovens biólogos a irem ver e aprender na China, no Brasil, na Tailândia, no Japão.
A aquacultura em Cabo Verde só terá importância se conduzir à proliferação de pequenas explorações criando centenas de pequenos produtores nas zonas ribeirinhas e pequenas indústrias de transformação a partir de espécies locais. Para isso é preciso mobilizar os nossos recursos humanos científicos por poucos que sejam.
Podemos ouvir, ver e ler, mas têm que ser os cabo-verdianos a conduzir e a definir a estratégia e os objectivos para o sector, sem complexos nem deslumbramentos sob pena deste ser mais um sector condenado a não dar certo e onde poucos, sempre os mesmos, tirarão proveito.



Balistes vetula (Linnaeus, 1758)
Um peixe por enquanto sem valor comercial, relativamente abundante nas nossas águas. Com uma carne magnífica e uma pele de muitas utilidades. Quem disse que esta não será uma excelente aposta para o País?

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