sexta-feira, 6 de julho de 2007

Bilrou

Sobre o mar, no suave embalo das ondas e do frio, por vezes, por outras, montanhas de espuma em movimentos sibilantes, vidas inteiras, apertadas saudades, mornas noites de pleidas riscando ofuscantes medos e avés, sons de estarrecer vindos do negro escuro enquanto dormia o astro rei, cheiro nauseabundo, vómitos, escorregadia sangueira, delírios, cantares à memória e alegria de existir, tilintares de arames e batuques, febres, histórias de pasmar bebendo os tons que todo o azul comporta, tudo, para iluminar cidades e povos longínquos que cabo-verdianos e açorianos cantaram de costa a costa, canções da vida, arpoadores do seu destino, remadores vigorosos do seu futuro, aqui permanecemos, olhando o mar, até que uma outra qualquer armação do mundo nos contrate, não temos medo do devir, apenas saudade.