sexta-feira, 17 de agosto de 2007

O Sonho Americano

Esta edição da revista Iniciativa é interessante pelo conhecimento que nos traz de cabo-verdianos que vivem “noutro mundo”. Um mundo feito de trabalho, liberdade, concorrência, saber e sobretudo vontade de vencer.
Em nenhum outro lugar do mundo as pessoas aderem tão depressa a esses valores. Pode ser um pouco intrigante tal fenómeno mas a verdade é que tudo começou assim naquele mundo desde a primeira hora. Foi tudo construído, edificado e mantido nesse sentido de forma que quando alguém chega, independentemente da cultura, já encontra um caminho, uma ordem, uma liberdade e uma responsabilidade à qual não se pode furtar.
Podemos argumentar com riquezas imensas e dimensões com o tamanho de vários fusos horários. Mas podemos também argumentar por certo que toda aquela grandeza e eficácia são o somatório de pequenos sacrifícios, pequenas vitórias, pequenas atitudes e muito orgulho e brio em tudo o que se faz. Nada caiu nem cai do céu. Naquele chão tudo foi e é conquistado e depois de conquistado é mantido com zelo e muito orgulho.
Não é muito estranho que assim seja se olharmos para a História daquele País, mas já é muito estranho que os visitantes cabo-verdianos com responsabilidades políticas e frequentes viagens contabilizadas se deslumbrem com o chão de merca para depois se esquecerem da lição logo que regressam. Dizer uma coisa e fazer outra ou nada fazer depois de tanta visita em trabalho, fica feio.
O modelo americano é eficaz e simples mas tem um problema: somos constantemente avaliados. E aqui as coisas complicam-se para os que enchem a boca com a palavra “diáspora” mas não lhe copiam os exemplos.
O modelo é eficaz e simples porque é feito de pequenas atitudes, de responsabilidade e avaliação. Pregar um prego de cada vez mas deixá-lo bem pregado e responder por isso. Coisas tão simples como fazer bem feito em vez de mal feito e sentir orgulho por tal.
Coisas tão simples e ao alcance de Cabo Verde como cumprir horários, tratar do lixo, receber uma resposta da Administração Pública, executar planos, arborizar as cidades, manter os esgotos desentupidos, tapar os buracos nas ruas, iluminar praças e avenidas, prever possíveis acidentes, higienizar mercados, libertar as mulheres do suplício das latas de água, repensar a energia com todos os cabo-verdianos, optimizar e reduzir as estruturas do Estado, dirigir com autoridade mas sob avaliação, promover a criatividade, etc., etc.
O sonho americano é fazer bem o que tem de ser feito.

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