quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Diques Ao Desafio.

Os chineses ofereceram a barragem do Poilão e em resposta os portugueses querem oferecer três barragens. O ministro do ambiente enquadra este cantar ao desafio como a estratégia duma política acertada do seu ministério para o sector. Outros, mais acima, dirão que se trata do resultado de uma prática de boa governação. Os beneméritos sublinham o seu empenho em “ajudar” os mais pobres. E assim vive, também, Cabo Verde deste cantar ao desafio.
Muito antes da proliferação de barragens para irrigação, hectares de painéis foto-voltácios, quilómetros de achada de ventoinhas, é importante saber, ou definir, que modelo de sobrevivência queremos. Queremos um modelo de sobrevivência dependente da “solidariedade” internacional e de negócios de favor ou um modelo de sobrevivência dependente das nossas capacidades, necessidades e decisões.
A segunda alternativa é muito custosa em trabalho, não rende votos fáceis nem inaugurações mediáticas mas é certamente a mais segura no futuro.
Cabo Verde pode e deve aceitar todas as ofertas como País bem feito que é. Mas pode e não deve ficar por isso.
A iniciativa de pensar o futuro tem obrigatoriamente partir de nós. E o futuro não é seguro nem garantido. Tudo depende do nosso trabalho e da nossa atitude, hoje.
A alternativa é simples. Ou toda a gente, todos os cabo-verdianos, estarão comprometidos com a sua própria sobrevivência ou o medo de faltar o amanhã tomará conta da nossa cultura e da nossa esperança.
Vamos guardar água? Sim, vamos todos. Mas para isso é preciso a Lei que mobilize e empenhe o País nesta tarefa, desde a sensibilização à obrigatoriedade para as novas construções integrarem cisternas para captação da chuva em troca de benefícios fiscais.
Vamos produzir energia? Sim, vamos todos. Mas para isso é preciso a Lei que mobilize e empenhe o País nesta tarefa. Se cada um produzir uma pequena parte da energia que necessita e se o País retomar a plantação da Purgueira em larga escala para a produção de biodiesel, serão muitos milhões de contos que o Estado poupará e outros tantos milhões de contos distribuídos directamente pelo mundo rural.
Vamos economizar? Sim, vamos todos. Mas para isso é necessário que o Estado premeie quem economiza e investe e não ande a taxar de vela na mão.
Ou não estamos todos no mesmo barco?
Estamos sim no mesmo barco. E estaremos em todas as borrascas e calmarias. Não devemos recusar qualquer ajuda, mas o melhor mesmo é orientarmo-nos pelas estrelas e pela nossa própria bússola. Capacidade não nos falta, podemos é estar um pouco distraídos com alguns mimos internacionais e com certas cantigas ao desafio.

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