quarta-feira, 26 de maio de 2010

A Primeira Venda (I)

Em Cabo Verde também existe, a primeira venda, mas sem regras, nem rei nem roque. E esta é uma peça determinante no sucesso das múltiplas actividades no sector das pescas mas sobretudo na exportação que, a seguir à sustentabilidade, é o que interessa ao País.
Os pescadores já descobriram que o gelo é bom para conservar por mais algum tempo o pescado para não terem necessidade de o descarregar logo podendo ficar no porão por mais dois ou três dias, encostados ao cais, a aguardar melhor preço.
Mas o que eles, a esmagadora maioria não descobriram, é que a venda do peixe começa logo que este chega à borda do barco e ainda dentro de água. A adrenalina própria da caça-recolecção fá-los maltratar os animais com fisgas e paus de tal forma que acabam por danificar peças muito valiosas deixando-as com feridas expostas que rapidamente infectarão todo o corpo. Como se isso não bastasse os peixes ficam a acabar de morrer expostos ao ar, ao Sol e ao luar que, não parecendo, é fatal para a conservação de algumas espécies. O gelo é a última coisa, é quando já não há mais nada para fazer.
A consciência do valor reside apenas no sentimento primário da oferta e procura. Se há muito é barato se há pouco é caro. Não estando errada a ideia falta-lhe acrescentar ainda mais valor em todas as circunstâncias. Sempre ouvi pescadores e peixeiras retaliarem-me: este peixe está fresco não precisa de gelo.
Tínhamos possibilidade de “brigar” em mercados tão duros como, p.ex. o de Tóquio mas infelizmente o negócio “morre” à borda dos nossos barcos.

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