segunda-feira, 31 de março de 2008

O Delito De Opinião: As "Mentiras"

Nada contribui melhor para a discussão do que escrever assim, claro e bem

sábado, 29 de março de 2008

O Pálido Ponto Azul.



Obrigado pelo link, Eulália Bendito.

Cores Do Paraíso

quinta-feira, 27 de março de 2008

Períodos Complicados.

Quem ouve falar os responsáveis por resguardar a saúde pública em Cabo Verde fica convencido que está a ser travada um luta sem tréguas para melhorar as coisas. Mas não é assim, são centenas de tabuleiros e tachos pelas portas das escolas públicas, hospital, ruas, mercados, cruzamentos, cantos e recantos. Toda a gente bebe água pelo mesmo copo, os pauzinhos das fresquinhas cortados de caixas de fruta abandonadas, os pratos de sopa passados pela água dum balde e todo o tipo de guloseimas e comida que nem se sabe em que condições são confeccionadas. E se entrarmos no cais de pesca é preciso ter estômago, e se andarmos à volta do mercado municipal é preciso ter coragem.Não é preciso reprimir, mas também não é preciso disfarçar com discursos para iludir o Banco Mundial e garantir a gorjeta na “luta contra a pobreza”. A coisa não é fácil nem difícil, dá apenas trabalho, exige dedicação e sobretudo, citando Van der Hagen, pregar um prego de cada vez mas deixá-lo bem pregado. O pior é mesmo quando se aproximam as campanhas eleitorais. Esses períodos atraem muita porcaria.

quarta-feira, 26 de março de 2008

À Meia-noite Em Ponto, Sem Falta.


E sem discussão aumentaram os combustíveis. Nem é preciso apostar ou jurar para garantir que a frequência desse nocturno evento vai aumentar para que os por cento pareçam pouco. A medida é eficiente porque não tendo o governo culpa que o mercado do petróleo seja tão ingrato, dá a entender que faz tudo por tudo para que a coisa não doa muito. Pelas esplanadas, praças, cafés e mesmo até na imprensa a discussão não passa de pobres lamentos e acutilantes indignações. Ao governo e aos digníssimos deputados não se deveria exigir muita ou pouca discussão sobre o aumento dos combustíveis mas uma grande mobilização em torno das energias renováveis. Por enquanto ainda vai havendo combustível para aumentar, quando houver menos a discussão corre o risco de se tornar perigosa. Muito perigosa e sem sentido.

domingo, 23 de março de 2008

O Melhor Da Páscoa



BOMMAR

Porto Mosquito, ontem ao fim da manhã. Cerimónia de lançamento da primeira pedra para a construção da fábrica para defumar peixe.

quinta-feira, 20 de março de 2008

Mudam-se Os Tempos...


Mudam as necessidades. Pelo menos parece. Durante mais de uma década as muitas dezenas de “lojas de chinês” têm sido eficientes máquinas de transformar imitações baratas e todo o tipo de quinquilharias em preciosos dólares. Anos de fartura para o governo chinês e para os senhorios das lojas, de remedeio para rabidantes e de muito prazer para milhares de crianças pobres que puderam ter maravilhosos brinquedos animados por alguns tostões.
O petróleo sobe, o dólar desce e desaparece das ruas porque ninguém o quer como pagamento, as necessidades energéticas na China aumentam, os cereais também e o dólar continua como moeda de referência. Os comerciantes chineses de serviço deitam contas à vida porque os patrões revêem estratégias. Alguns comerciantes chineses já começam a baixar unilateralmente as rendas e os senhorios que assistiram à festa de varanda vão ter que chupar limão ou aproveitar os cartazes e mudar a palavra “empregada” para inquilino.
Há remédios que parecem ser mesmo únicos principalmente quando não se quer deixar o conforto das varandas.

terça-feira, 18 de março de 2008

Leitura Recomendada


Os ingredientes e as políticas que ajudaram a cozinhar a grave crise em que mergulham hoje os mercados financeiros arrastando as economias para dificuldades com consequências ainda imprevisíveis, estão aqui neste livro bem explicados pelo Nobel da Economia 2001, Joseph E. Stilitz. (Terramar, Lisboa, Junho de 2005www.terramar.pt)

segunda-feira, 17 de março de 2008

O "Gigante" E A "Pequenez"


"Talvez o maior motivo pelo qual Lula está associando sua imagem ao pinhão manso é o fator social da planta. O pinhão manso não é uma cultura mecanizada e ao contrário da cana, precisa de mão de obra o ano inteiro. Isso geraria emprego fixo no campo, muitos empregos".

Em Cabo Verde, a nossa “pequenez” perturba muito a cabeça dos responsáveis pela economia, segurança energética, “luta contra a pobreza”, desenvolvimento, emprego, etc. A “pequenez” estimula-nos mais a retórica e ares de importância. Enquanto o “gigante” pensa e age, a nossa “pequenez” nem se dá ao trabalho de pensar e muito menos olhar para a História ou sequer para o chão onde pisa. O pinhão-manso – a Purgueira – fez de Cabo Verde, durante mais de um século um dos maiores exportadores mundiais de sementes para a indústria de óleo. Não é preciso experimentar, nem tão pouco promover workshops e muita conversa fiada para baixarmos significativamente a factura do gasóleo e gerar empregos no campo . Só é preciso arregaçar as mangas e imitar os “gigantes”: trabalhar!!



Purgueiral abandonado em Salineiro (Cabo Verde). As sementes caem no chão!

domingo, 16 de março de 2008

Basofaria Com Piada

“Segundo Abraão Lopes, DGIE, foi uma conferência onde se falou de tudo o que é actual em termos das tecnologias eólicas, solar, biodiesel, ondas do mar, entre outros. E Cabo Verde, não obstante a sua pequenez, conseguiu se destacar, tendo em conta que foi dos poucos a se posicionar entre gigantes como Estados Unidos, Canada e Brasil. “O ministro da Economia foi dos poucos a discursar na plenária onde apresentou a politica energética de Cabo Verde em relação às energias renováveis”, assevera o DGIE.”

Grande sorte tiveram os “gigantes” como Estados Unidos, Canadá e Brasil que ficaram a conhecer a política energética de Cabo Verde em relação às energias renováveis. Por cá temos menos sorte, ninguém a conhece nem se ouve qualquer discussão pública sobre o assunto. Há quem só goste de falar para “gigantes”. Tem outra pinta, claro.

sábado, 15 de março de 2008

Peço Desculpa.




A festa não foi de arromba mas quase. Muitos “populares”, como sempre os mesmos para os comícios, inaugurações, cerimónias religiosas e até eleições. Este tipo de liberdade proclamada, deslumbra e mobiliza em todas as épocas e circunstâncias e ainda nos mobilizará por muito tempo. Ainda bem que assim é enquanto sobrepor a humanidade à barbárie. Mas neste caso, na história do Amistad o deslumbre favoreceu e favorece o poder dos “interesses culturais” e da propaganda política.
A história do Amistad é simples e contemporânea. É uma história do tempo presente. História do exacto momento em que eu estou a escrever este post.
Foram e são dezenas as revoltas de todos os tipos de escravatura geminadas bem no interior do continente africano, o Grande Berço, com as naturais atrocidades que as provocaram e outras tantas que as vingaram. Mas esta, a do Amistad teve a sorte de encalhar num porto contra-a-maré da época e de hoje: o Estado de Direito. O poder independente da Justiça. A Lei do escrutínio e representação democrática.
Infelizmente não é isto que serve de símbolo. O símbolo apregoado é vago e atreito a mil interpretações: A liberdade!
O poder político (o nosso e tantos outros) navega muito bem nestas cálidas águas. São calmas, praticamente sem ventos. Sinais dos tempos cada vez mais contados.
As revoltas sem porto de abrigo e sem apoteóticas festas continuarão. Muitos de nós também, convictos, continuaremos a navegar sobretudo na defesa do Estado de Direito, da Justiça e contra o tráfico de pessoas e os escravos de sempre.
O Amistad não é uma réplica nem um símbolo. Estes ainda são os ventos antigos que nos sopram e magoam.
Eu não gosto destas festas nem destes símbolos da Liberdade onde o ideal dá lugar ao negócio. Peço desculpa.

sexta-feira, 7 de março de 2008

Poema Dos Náufragos Tranquilos

Somos herdeiros dos quatro ventos
Sem uma vela para lhes dar
Temos amarras e temos lenços
Num cais de pedra para acenar

Somos herdeiros da maresia
Que salga os olhos de olhar o mar
E temos rios de lava fria
Que se recusam a desaguar

Somos herdeiros de uma lembrança
De tesouros afundados
E arpoamos a esperança
Na nossa morte reclinados

Somos herdeiros de um rombo aberto
No nevoeiro secular
Tranquilos náufragos do incerto
Vamos morrer no mar


Emanuel Félix

quarta-feira, 5 de março de 2008

"Remexendo No Baú Das Memórias"



Um amigo enviou-me por email esta colecção de fotografias da Ilha Terceira, Açores. Não têm datas, autores ou sequer menciona os lugares. Para quem é da terra não é difícil identificar a maioria dos lugares e dizer que foram tiradas no século passado, algumas no início. As fotografias são interessantes porque nos transportam ao imaginário de um passado recente e surpreende-nos com as paisagens que o tempo moldou em pouco menos de um século. Mas o facto de haver o costume, muito antigo, de não se identificar este e outro tipo de trabalhos é para mim mais surpreendente. É como se não fosse preciso por nos parecer que estaremos sempre por cá para testemunhar e identificar prontamente datas, lugares, autores e até histórias relacionadas. Mas o tempo também ofusca a memória e leva-nos as testemunhas deixando-nos uma vaga ideia de nós próprios.

segunda-feira, 3 de março de 2008

Globalização E Arte


Achadinha, Praia, Santiago

sábado, 1 de março de 2008

Novos Escuteiros


Há alguns anos, uma amiga participava num grupo de escuteiros da Praia Maria que promovia entre muitas actividades, acções de sensibilização junto de crianças pobres. Um dia juntaram muitas escovas e pastas de dentes que distribuíram por inúmeras crianças de Achada Mato. Deram conselhos, brincaram, falaram, falaram e sentiram o que sente muitos dos que pensam lutar contra a pobreza: satisfação.
Incrédula e triste, no dia seguinte, a minha amiga viu algumas crianças de Achada Mato a vender escovas e pastas de dentes pela rua.
A um nível de organização mais sofisticado do que um tradicional grupo de escuteiros é o que fazem os novos grupos de escuteiros da cultura: geminações, atelieres, oficinas, festivais, encontros e outros eventos sob o signo do interesse comum e de ajuda desinteressada e solidária. Feitas as contas gastam-se milhões nesses rodopios pela Macaronésia ao sabor de uma classe política que gosta de viver bem mas que se preocupa - também gosta de sublinhar nos discursos - com questões como a pobreza.
Não faltam dádivas desinteressadas que entregues em mão permitem conhecer melhor os costumes gastronómicos e gente simpática: roupinhas e até colchões iguais ao que se fazem em Cabo Verde e tanta coisa, ainda boa, que pouca falta faz aos solidários.
Mas há outras contribuições que não são materiais mas que parecem ajudar muito a festa e o bram-bram: os simpósios sobre turismo, os fóruns de experiência política, judicial, constitucional, administrativa. Eu sei lá, um mundo de interesses comuns e boa vontade. Até mesmo a classe empresarial contribui para o peditório, trocando as suas Câmaras de Indústria e Comércio viagens e palavras de grande interesse comercial, apesar dos transportes dentro da Macaronésia não existirem, porque afinal de contas esta questão não interessa nem serve para nada. Bastam as divertidas feiras anuais de comércio e indústria para troca de bonés e cartões e o balanço é sempre positivo.
Tarda em aparecer um mestre de dança que diga, alto e pára o baile. O que verdadeiramente faz falta é pôr a Macaronésia em rede. Geminar o conhecimento. Geminar universidades e escolas, conectar estudiosos e investigadores, reduzir distâncias e ignorância, produzir, transportar, comprar e vender para com menos folclore oficial e mais prosperidade económica, os mais pobres possam comprar as suas canas de pesca e sustentar-se. Caso contrário a falácia do velho ditado “não lhe dês peixe, ensina-o a pescar” será sempre citado até à náusea pelos modernos escuteiros da cultura. Sem prosperidade económica os pobres vendem a cana, o peixe e o manual de instruções. Com razão.