quarta-feira, 30 de abril de 2008

Brando

Um livro de cortar a respiração.

terça-feira, 29 de abril de 2008

O Poeta Não Está Sozinho.

Mário Fonseca

Hoje a televisão pública deu voz à indignação de um poeta. Cumpriu um dever de honra para com a Cidade, esta Capital, este património da Nação Cabo-verdiana. Foi um momento de verdade e de esperança. Foi um dos momentos de verdade desta comemoração mais do que centenária. A palavra sincera que desde sempre moldou esta nobre cidade. O poeta não está sozinho. A Cidade está com ele.

Alegria E Mágoa

Comemorar um século e meio é motivo de alegria. Ao contrário das pessoas, com a idade uma cidade vai ficando mais forte, bela e as suas partes mais antigas orgulhosamente preservadas. Por isso uma cidade capital precisa de pessoas cultas e nobres para a dirigirem como uma pessoa precisa de pão para a boca.
Nem sempre esta mal amada cidade teve essa sorte. Nem refiro a imensa infecção clandestina da cor dos tijolos de cimento que a cercam, nem tudo o resto que entristece os seus filhos.
Refiro-me à pobreza das comemorações que se dizem oficiais neste dia de hoje.
Talvez seja mesmo o reflexo do seu desânimo cultural. Não há teatro, não há cinema, não há orquestra filarmónica, não há coro, não há conferências, nem pubs decentes, nem parque de diversões, nem luz, nem exposições, nem concertos (de música), nem espectáculos e cada vez há menos árvores.
Ás vezes, em dias de silêncio, quando passeio pelas ruas do Plateau parece-me ouvir a Cidade clamar pelos seus mais nobres filhos. Que respondam quanto antes!

segunda-feira, 28 de abril de 2008

As Contas Da Fortuna

Estão feitas. É o que se lê aqui. Já em 2009 (no ano que vem) as energias renováveis representarão 18% da produção energética do país. A isto chama-se andar depressa, tão depressa quanto ágeis a fazer contas devem ter sido aqueles que lucrarão pela frente e por detrás com negócios desta envergadura.
Todas as energias renováveis são excelentes apostas para Cabo Verde. Mas a maior aposta seria a definição dum modelo que mobilizasse a sociedade, os investigadores e os agentes económicos cabo-verdianos na redução da dependência dos combustíveis fósseis.
Mais importante do que nos preocuparmos em satisfazer o consumo desmesurado de energia que a indústria do turismo faz, seria talvez mais ajuizado definir a bitola a partir da qual a indústria turística tem por obrigação produzir energia como parte do que consome.
Mais importante do que o gigantismo dos parques eólicos seria mobilizar os cabo-verdianos para o estatuto de produtores e não apenas consumidores, democratizar a produção de energias alternativas para que as pessoas sintam o benefício directo que as energias renováveis podem trazer. Não sendo assim, apenas ganha o Estado que, vendo a factura dos combustíveis fósseis diminuir ficará com mais dinheiro para esbanjar nas suas despesas e ganharão seguramente os comerciantes de ventoinhas e fotovoltaicos.
Este menosprezo – não sei se intencional – pela capacidade dos cabo-verdianos em serem eles próprios os actores na renovação das energias, faz com que os governantes se esqueçam do papel preponderante que pode ter por ex. o mundo rural na produção de energia e diminuição da pobreza.
São dezenas de milhar de hectares que ocupados com Jatropha curcas podem ajudar a diminuir a dependência dos combustíveis fósseis e garantir um sustento familiar rural mais eficaz do que qualquer outro paternal “programa de combate à pobreza”.
Se o negócio da energia for apenas substituir a forma de produzir deixando de fora a criatividade e a capacidade do povo cabo-verdiano ficando dependente de uma qualquer multinacional, mais vale optar pela energia nuclear. É de longe mais eficaz.

sexta-feira, 25 de abril de 2008

Aquele Dia

Já ninguém se lembra. Em nenhum dos países libertados, incluindo Portugal. Passaram apenas 34 anos. Daqui por mais 34 ouvir-se-á apenas um leve sussurro. As revoluções não escapam, também elas, à lei do tempo: nascem, vivem e morrem. Eu gostei daquele dia, foi "o primeiro do resto da minha vida".

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Very, Very Clever

A Surpresa do Kapa


Diz-se em surdina que a nora também, o sogro, a tia da sobrinha e há quem fale na hipótese da vizinha que seria uma surpresa ainda maior! Eu gosto muito de kultura.

sexta-feira, 18 de abril de 2008

ISS


Passou há minutos! Imponente!

Reservas Pouco Naturais

Ontem pela 2ª vez, que eu tivesse visto, a televisão pública rodou um documentário sobre ambiente e reservas naturais em Cabo Verde. Um programa em que os intervenientes falaram da importância de algumas reservas naturais com destaque para a Coordenadora que referiu muito bem a necessidade de uma maior atenção na protecção dessas zonas de grande riqueza em muitos aspectos.
No entanto o uso e abuso de filtros para distorcer as cores das imagens é uma coisa sem pés nem cabeça. Assim como a música perfeitamente dispensável ao longo de quase todo o programa. Mais parece um vídeo clipe em que o importante não é a mensagem mas a salada de efeitos áudio visuais.
Foi pena porque o assunto é de veras importante. E foi pena mais uma vez o incompreensível esquecimento do maior habitat natural de bivalves de toda a Macaronésia, Nª Senhora da Luz, que ainda não ganhou o estatuto de reserva natural. Porque?

quinta-feira, 17 de abril de 2008

ISS

Amanhã, às 19:21, passagem zenital com brilho - 2.5. Boa observação!!
http://tinyurl.com/697bzd
obrigado Pedro Félix

quarta-feira, 16 de abril de 2008

Aquecimento Global

Há quarenta milhões de anos que o profeta Al Gore não se cansa de avisar: salvem o planeta! Naquele tempo as baleias não lhe deram ouvidos e... olha deu nisto.

terça-feira, 15 de abril de 2008

Kultura Torresminha

Só poderia ser escrita com K essa orgulhosa kultura que parece ter gasto duzentos mil contos, fora a energia consumida dizem, na última iluminação de Natal, que esbanja rios de dinheiro em festivais de rebuliço pimba a rodos para sustentar um negócio kultural donde se alimentam bem algumas pessoas auto denominadas genuínos herdeiros do Cabo Verde profundo. E as expos de nada e o dinheiro que vem e vai sem pés nem cabeça.
Nada resta para a Cultura. Nem um só tostão para uma banda filarmónica afinada ou sequer para o ensino da leitura e escrita musical, artes cénicas e tantas coisas fora do alcance das crianças. Aqui e ali e apenas com o entusiasmo das crianças, a paciência dos pais e a dedicação de alguns educadores que trabalham em condições deploráveis se vê sinais de Cultura. Se ao menos a kultura servisse torresminha sem kabelo, já era bom. Mas nem isso.

segunda-feira, 14 de abril de 2008

Pontos Nos Is

"Em 1896 iniciaram-se as olimpíadas modernas que se realizam a cada quatro anos, promovendo a paz mundial. Em agosto a China será a sede da versão número 29 dos jogos.
Porém, três olimpíadas foram suspensas devido às guerras mundiais e três versões consecutivas foram boicotadas por muitos países (Montreal 1976, Moscou 1980, Los Angeles 1984).
Na única olimpíada realizada fora do mundo capitalista (Moscou 1980) não participaram cerca de 65 nações (como EUA, China, nações do Cone Sul etc.). Porém, a versão que Hitler manipulou em Berlim (1936) foi até então a que congregou mais países.
As próximas olimpíadas serão as segundas feitas numa ‘república comunista’, mas hoje não há nenhuma potência que promova seu boicote. A China não invade nenhum país e, ao contrário, se vem se ligando ao mundo capitalista ao abrir sua economia ao mercado.
Nacionalistas do Tibet, Taiwan e outras regiões da grande China querem aproveitar as olimpíadas para promover seus protestos, sabendo que Beijing temerá usar muita força contra eles, para não dar argumentos a novos boicotes.
O Tibet está entre os dois colossos asiáticos (Índia e China). É parte de China, mas com sua própria autonomia, língua e cultura. Até os anos de 1950, o Tibet era regido por uma teocracia totalitária (que se uniu aos nazistas) e tinha uma das sociedades mais obscurantistas, feudais e atrasadas da região.
Mao repartiu as terras do clero e iniciou a industrialização e popularização do Tíbet. Também colocou a sua própria autoridade religiosa (Pachen Lamba) em contraposição ao Dalai Lama, exilado na Índia e cortejado pelo Ocidente.
Aproveitando-se da proximidade das olimpíadas, muitos sacerdotes budistas iniciaram marchas que se estenderam a Gansu, Qinghai e Sichuan e que geraram saques às empresas chinesas e muçulmanas.
Apesar de o Dalai Lamba falar em cerca de cem mortos, o único veículo ocidental ali presente (o The Economist) duvida desse número ou de que tenha havido um grande massacre tipo Tien Nam Men.
Moscou apóia Beijing, mas o Ocidente quer aproveitar os incidentes para pressionar a China para se “des-socializar” seu sistema econômico e político."

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Proximidades

Próximos mesmo estivemos em três ocasiões: 1) remando nas mesmas canoas, partilhando geadas e medos para iluminar cidades sem que nunca tenhamos sido sócios em qualquer armação baleeira; 2) na guerra colonial em que nos cruzamos nos dois lados das trincheiras; 3) na reconstrução que se seguiu ao terramoto que devastou a ilha Terceira no dia 1 de Janeiro de 1980. Cabo-verdianos e açorianos nunca estiveram tão próximos como nessas três ocasiões.
Inventar outras proximidades é como se fosse possível dar um jeito à História e à Cultura, i.e. origens e vivências. O que alicerçou as nossas culturas foi o isolamento, um isolamento de séculos. Muito do nosso imaginário de certo tem algumas origens comuns. Mas foi o isolamento que moldou esse imaginário e que o transportou para a alma dos povos.
Falar de interesses comuns, claro que os há e muitos, mas enquanto uma vaca açoriana receber mais em subsídios do que o rendimento médio de um cabo-verdiano, não estou a ver grande comunhão de interesses comerciais. Quem diz vacas diz qualquer outro produto ou serviço produzido nos Açores. Podem abrir as linhas de crédito que quiserem para os empresários açorianos virem investir. O problema maior é que depois não existem subsídios (a tal teta proteccionista que não existe em Cabo Verde) que mantenha os negócios como acontece nos Açores. O melhor mesmo é tentar vender uns contentores de leite ou carne mas também aí há outro problema, é que os cabo-verdianos sabem fazer contas aos preços num mercado cada vez mais aberto, desde a mais modesta rabidante ao mais prestigiado comerciante.
Parcerias, parcerias mesmo só estou a ver uma de enorme utilidade para ambos os povos: o conhecimento. A Universidade como hub na concretização do muito que se pode fazer em muitos sectores. Por exemplo, não vejo interesse nenhum em virem frotas de pesca delapidar as águas cabo-verdianas, mas já vejo a maior utilidade e interesse comum fazer uma parceria com futuro: partilhar o conhecimento sobre o mar. Cabo Verde tem águas excelentes e estáveis em temperatura e agitação, os Açores conhecem muito na investigação e biologia marinha. O futuro não será certamente a caça/recolecção, o futuro das pescas será seguramente a aquacultura. Esta seria uma parceria séria e de ouro para os dois arquipélagos com peso mundial nas próximas décadas.
O mais certo é que para o ano ou nos seguintes haja nova digressão de delegações empresariais – para cá e para lá – e muito escutismo cultural, as mesas das delegações lautas de sabores e francas gargalhadas e os discursos inflamados e fraternos, mas por certo os nossos arquipélagos continuarão pobres, como sempre foram, apenas porque teimamos em deixar no cais de partida uma preciosa ferramenta para o bem-estar dos povos: o conhecimento científico.

quinta-feira, 10 de abril de 2008

Preocupação Ambiental

Eu gosto de cerveja porque dá prazer, etc., etc.. E gosto particularmente da imperial porque a que se fabrica em Cabo Verde é boa apesar da concorrência importada dizer o contrário e até cobras e lagartos. Mas eu descobri uma outra justificação para o meu gosto, é que quando opto por uma imperial estou a contribuir para que haja menos lixarada de garrafas e latas. Há preocupações ambientais que são uma delícia.

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Incertezas

A RTP África volta e meia fala em “indivíduo de raça negra” querendo referir-se talvez à intensidade da melanina na pele. Como o conhecimento científico sobre o genoma humano veio acabar com a treta e o mito das raças entre os humanos, compreendo que a ignorância na RTP África ainda atrapalhe o discurso e troque a identificação ou a nacionalidade das pessoas pela cor da pele. Sendo como se sabe os tons da pele aos milhares e para dar a informação com mais rigor proponho que este serviço público adopte o código de programação usado p.e. em VBA pela Microsoft. Assim uma pessoa com cor de pele como a que está pintada no belo batique da foto seria da “raça RGB 0,0,125”, eu p.e talvez “raça RGB 255,224,193”, etc., e assim teríamos todos uma raça como deve ser acabando de vez o discurso dúbio. É que alguém comentou com razão a confusão gerada à volta de Barack Obama que dizem, se for eleito, será o primeiro “negro” a ser presidente da América, mas se a eleição fosse no Quénia seria o primeiro “branco”. Vai longa a pré-história da humanidade.

segunda-feira, 7 de abril de 2008

A Inutilidade De Uma Notícia

"Fogo: Navio Barlavento afundou-se no Sul da Ilha" . Nem é preciso referir a gravidade do acontecimento para a economia do País. Todos sabemos, mesmo que isso não pareça importante. E por não parecer importante ficamos sem saber em que circunstâncias se deu o acidente e quem o provocou. Mau tempo não foi! Deve ter sido o azar.

sexta-feira, 4 de abril de 2008

Vezes Sem Conta.

"Existe uma proximidade muito forte entre Cabo Verde e os Açores, daí ser importante que estes espaços com as mesmas características possam criar um bloco de interesses, nomeadamente na vertente económica e cultural com medidas e projectos concretos", referiu o presidente da AIPA. No seu entender, ambos os arquipélagos podem aproveitar as afinidades e tirar partido delas, a nível económico, tentando criar um corredor entre os Açores e Cabo-Verde, nomeadamente para exportação de lacticínios, através de transportes marítimos regulares. Na área das pescas e do turismo, sector que está a passar por "uma fase de crescimento", Paulo Mendes disse esperar que a visita de Carlos César "faça com que alguns grupos económicos com peso" na região possam ver oportunidades em Cabo-Verde, alegando que o seu país está a ter "um crescimento notável e tem uma democracia muito estável", disse à Lusa."
Há 18 anos que ouço e leio estas palavras da boca de tantos quantos foram e vieram nestas inúmeras trocas de viagens entre velhos companheiros do tempo das campanhas baleeiras. O enunciado repete-se e o que fica mesmo é o prazer e o calor de um bom convívio ilhéu. O resto não interessa para nada porque não há quem possa resolver os transportes em Cabo Verde quanto mais “criar um corredor” económico para norte. O Brasil está de longe mais perto.
Sejam sempre bem-vindos os filhos e os irmãos desta terra também de lava e mar de tantos sonhos e esperanças. Ilhas de sabura também, porque não?

quarta-feira, 2 de abril de 2008

O Delito De Seriedade.

O esturro é mesmo essa desusada e inaceitável forma de fazer e estar na política. Ignorar um poder que foi legitimamente eleito também é ignorar, ou não querer aceitar, a mais elementar regra da democracia. É como se os votos não servissem para nada ou considerar que as pessoas que votam são tontinhas e incapazes de ter opinião sobre o futuro da sua terra. Entrementes nunca compreendi porque razão os terrenos projectados para a indústria turística, sejam eles propriedade do Estado ou dos Municípios, não são postos a concurso para venda. Quem é que inventa o preço dos terrenos? Não deveria ser o mercado? O que é que tem de diferente essa empresa que se diz muito empenhada no desenvolvimento de Cabo Verde que não tem as outras de outras nacionalidades ou até nacionais ou simplesmente cabo-verdianos singulares com igual capacidade financeira, que os há? A indústria turística sempre foi filha da especulação imobiliária e da corrupção. Basta olhar para os vizinhos canários e ver a desgraça. Faz bem o edil Salense recorrer à Justiça. É um acto de confiança no regime democrático.