quinta-feira, 31 de maio de 2007

A Bela E O Senão

Fomos, os meus filhos e eu, passear na praça João Paulo II, recentemente inaugurada e fiquei surpreendido por dois motivos, um bom e outro mau.
O bom vê-se logo quando se chega. Tudo bem arranjado, limpo e funcional, com um funcionário da câmara identificado no lugar dos baloiços para ajudar a saudável balbúrdia das crianças. Foi um espaço planeado por quem sabe de urbanismo, ambiente e paisagismo. O anfiteatro é prova disso.
A parte má é o ênfase dado ao simbolismo daquele lugar com o exagero dos motivos ornamentais: a cruz e a estátua.Como se não bastasse o nome atribuído à praça em merecida memória a um Pontífice que soube devolver à Igreja valores bem ocidentais como a tolerância, o perdão e a coabitação entre os povos e as religiões, preferiu-se trocar a subtileza e a humildade pelo exagero. Exactamente o contrário do que o Papa dos povos e da reconciliação pregava.
Sem ofensa, aquela cruz é mais uma afirmação de poder do que um símbolo de espiritualidade e a estátua não diz nada e nem sequer se parece com sua Santidade. Não tem encanto nem arte.
João Paulo II estaria bem mais presente naquela praça sem aqueles ornamentos.

quarta-feira, 30 de maio de 2007

Arte



Os últimos ferros fundidos no Plateau - 3

terça-feira, 29 de maio de 2007

De palavra em palavra



De palavra em palavra
a noite sobe
aos ramos mais altos

e canta
o êxtase do dia.




Eugénio de Andrade

segunda-feira, 28 de maio de 2007

A Ilha Dos Escravos


sábado, 26 de maio de 2007

É Bonita Sim Senhor!




O que é o que é...
Zé Ramalho

sexta-feira, 25 de maio de 2007

Hora Di Bai

Abrem-se as portas para o Céu.

quinta-feira, 24 de maio de 2007

Um Pequeno Recurso



Depois das marés de Agosto, quando as salinas da Ilha do Maio se encherem, o Sol iniciará o seu trabalho de evaporar a água e depositar o sal que depois de devidamente tratado com iodo irá temperar os nossos pratos.
Se nessa altura e enquanto se dá a evaporação se sobrevoar aquela zona irá ver grandes manchas de cor castanhas junto às margens.
Não se impressione, não é poluição. Trata-se deste minúsculo crustáceo com 1mm de comprimento, a Artémia (Artemia spp)
Este minúsculo crustáceo é utilizado para alimentar os peixes nos seus primeiros dias de vida, nas maternidades das estações de aquacultura. Por isso tem um enorme valor comercial.

quarta-feira, 23 de maio de 2007

Negro Azul

(Fotografia de Achim Levandowski )

um bote
às cores
é um sonho à deriva
sustentado pelos tons da água
salpicos e espumas
ondas de promessa
blasfémias
geadas
em direcção à sua própria popa
são infinitos os planos de viagem
só o sol o faz regressar
e uma sede infantil
de palavras e álcool
esse alimento
o único ausente
nas abissais vertigens do mar
quem lhe dera
haver um cais
no fundo daquele negro azul
para descansar
esta sede de palavras

tchei/1998

terça-feira, 22 de maio de 2007

Arte



Os últimos ferros fundidos no Plateau - 2

segunda-feira, 21 de maio de 2007

Esquecimento.



O sitio da Fundação Eugénio Tavares está bem documentado sobre a Bibliografia do Poeta mas é pena que nunca tenha sido acabado e que não tenha acontecido nada desde 2005, nem o sitio tenha sido actualizado. Há coisas que não se percebem.

sábado, 19 de maio de 2007

Si Ka Badu Ka Ta Biradu

sexta-feira, 18 de maio de 2007

Juntaram-se os Negros Todos


quinta-feira, 17 de maio de 2007

Na Hora da Cor.

Regresso do Maio com Santiago à Vista

quarta-feira, 16 de maio de 2007

Mudar o Rumo das Pescas

Na minha opinião essa pretensão do Executivo não é boa para Cabo Verde.

Já se sabe que a velha concepção de pescas baseada na caça e recolecção está fora de moda e da razão por ser nociva para a natureza e feita com o suporte de muitos barcos pesqueiros (a frota) superlotados de pescadores, muitas estruturas em terra, um mercado negociado pelo governo à luz de muitos acordos e protocolos sob a forma de um organismo também ele povoado de funcionários.

Tudo isto já se fez e o resultado é cada vez menor no sector com o consequente estrago nos eco sistemas marinhos. Não vale a pena insistir. É preciso mudar o rumo das pescas.

Eu percebo e aceito que o Executivo esteja preocupado com o destino a dar às dezenas de estruturas que em terra agora praticamente não servem para nada. Mas por isso não é necessário propor a continuação da delapidação dos nossos recursos marinhos de uma plataforma continental estimada em 7.659 km2, uma ZEE que cobre 734.262 km2 e um litoral de 2.000 km.

O mar é um recurso presente e futuro muito valioso para ser negociado pela suposta rentabilização de umas quantas estruturas de apoio à pesca muitas delas feitas mais a pensar no efeito político e menos na produtividade.

Cabo Verde tem uma posição geo-estratégica invejável no sentido de fazer parte do tal eixo atlântico de segurança, é verdade. Também o turismo cresce a olhos vistos, animando a economia, é verdade. Mas é preciso, é urgente, que não olhemos para o ar quando se fala do Mar.

No futuro, não muito longínquo, o Mar será o maior e mais importante dos recursos de Cabo Verde dada a enorme importância que terá na contribuição para a alimentação mundial.

Cabo Verde está no sítio certo e no tempo certo para se rever no Mar e preparar o futuro no sector das pescas: a Aquacultura.

terça-feira, 15 de maio de 2007

Musica





Muita gente designa por Idade das Trevas os mil e muitos anos que se seguiram à queda do Império Romano, o maior de sempre de todos os Impérios.
Num certo sentido é verdade, mas não o foi de todo. No tumulto e ruído da barbárie que se lhe seguiu fizeram-se descobertas científicas de relevo e deu-se expressão ao antiquíssimo sentimento humano de ordem através arte e da música.
A arte e a música sacra no seu elogio ao divino e à mística religiosa foi, podemos afirmá-lo, também, uma resistência à barbárie dos tempos que se seguiram à queda do imenso Império Romano.
Para mim a expressão musical mais significativa dessa resistência é o Gregoriano.
Como ainda hoje persistem resquícios dessa barbárie que denominamos por Idade das Trevas é sempre bom ouvir cantar um ensemble destes sem se ser apedrejado.
Esses momentos lembram-nos que afinal nem tudo está perdido.
Ontem o Convento de São Francisco na Cidade Velha encheu-se de pessoas e de música sacra interpretada na perfeição pelos The Hilliard Ensemble.

segunda-feira, 14 de maio de 2007

Algumas Águias Ainda Voam.

De pé: Avelino, A. Salazar, Simplício, Tôti, Eduino Paes e Noco
À frente: Toi de Jovino, Henriquinho, Rui Maio, Té e João Carneiro

domingo, 13 de maio de 2007

Más Recordações.

Hoje durante toda a manhã faltou a energia apesar de estar um dia cheio de luz. Lembrou-me outros tempos. Tempos difíceis quando havia cortes de energia a toda a hora e às horas mais impróprias por longos períodos do dia e da noite.
Esta fotografia foi tirada aqui no restaurante em 23/08/2005 às 22:44 numa noite de desânimo.
Foram tempos difíceis.
Para ajudar à festa de vez em quando aparecia o piquete para desligar o contador por haver facturas em atraso. Por regra essas facturas diziam respeito a leituras feitas por estimativa com valores de bradar aos céus. Pudera, a Electra também estava aflita e toca de fazer leituras a olho mas sempre para cima. A coisa acabava sempre em acordo para se pagar aos bochechos porque de outra maneira não era possível.
Hoje está tudo melhor e mais estável, apesar de tudo.
Esperemos que esta calma dure longos anos.

Guitarras




Tottavares e Tibau
Sons que vêm do Maio num tema composto por Tottavares.

sábado, 12 de maio de 2007

Hospital da Praia - Gravura

sexta-feira, 11 de maio de 2007

Bruma Seca

Estas condições meteorológicas repetem-se todos os anos entre Fevereiro e Abril com mais ou menos intensidade. É de facto um fenómeno diferente e até com alguma beleza de resto como todos os fenómenos diferentes. O ar fica com um brilho estranho e a temperatura sobe por causa do efeito estufa que provoca.
É certo que são poeiras do Saara, é certo que são movimentadas por anticiclones situados na zona dos Açores que encontram nesta época do ano condições extraordinárias para este acontecimento e é certo que já os navegadores de outros tempos se queixavam da pouca visibilidade que provocam.
Mas há poucos anos li no Jornal a Semana um pequeno artigo, não assinado, em que o autor especulava sobre a possibilidade de, com estas condições meteorológicas, ser possível que sejam transportados para esta zona dos trópicos quantidades significativas de partículas da poluição produzida a Norte por países industrializados.
Nunca mais ouvi falar sobre o assunto nem tão pouco consegui falar com a pessoa que escreveu aquelas linhas, nem sei se isto tem algum fundamento científico. Mas não deixa de ser um assunto muito interessante. Quem sabe se isto acontece mesmo? E se acontecer o mais interessante seria saber porquê e como funciona este espantoso relógio meteorológico.

quinta-feira, 10 de maio de 2007

O Que Mudou Em 97 Anos

97 Anos é pelo menos a vida de uma pessoa com muita sorte e isto significa muito tempo. Na fotografia do mercado da cidade antiga podemos ver pelo aspecto que não houve mudanças tão profundas como as que se verificaram em frente, na rua Sá da Bandeira (na foto) e que deram origem àquela coisa onde está instalado o Banco Central. Nem se esperava outra transformação. Não foi um mercado desenhado para um futuro longínquo e entulhado nem com pretensões a esse futuro ou a este progresso que nos rodeia. Satisfazia as necessidades da época e foi quanto bastou para um tempo que corria lento, ocioso mas difícil para muitos.

Mudou tudo desde o dia em que foi tirada esta foto há 97 anos. Mudou o mundo, mudou Cabo Verde e muito poucas serão as pessoas que ainda estarão vivas.

Desde a independência que Cabo Verde não conhece outra coisa senão o progresso. Um desenrolar apressado de mudanças adiadas pelo abandono e pela ignorância da política portuguesa até 1974. Deram-se passos de gigante em alguns aspectos da vida colectiva pela mão de pessoas obstinadas e empenhadas nessa mudança. Ainda agora a Universidade Pública de Cabo Verde é uma das mais importantes e difíceis conquistas de sempre.

Mas há coisas no mínimo estranhas. Porque não muda o mercado municipal no Plateau?

Porque é tão difícil impor procedimentos civilizados? O mercado transborda e com ele a ineficiência de quem decide neste particular para bem de uma saúde pública melhor. De certo, esta não é a imagem de marca do país que educa as gerações emergentes. Há qualquer coisa que não bate certo entre hoje e o presente num tempo em que até se elogia com ligeireza este admirável mundo novo. Não falta gente competente para decidir, não falta trabalho para se fazer, Faltará tempo?

quarta-feira, 9 de maio de 2007

Camaradamente

Um amigo que faz pela vida como nós, afrontado com os créditos concedidos aos amigos afixou este cartaz para ver se convencia alguém. Parece que quem ficou mais convencido foi ele porque cá no burgo quem tem direito de graba é quem deve quando se lhes refresca a memória. E ás vezes graba bem grabado e pa castigo nosso ka paga mesmo. Ainda bem que são só dois ou três.

terça-feira, 8 de maio de 2007

Arte


Os últimos ferros fundidos no Plateau - 1

Canseira.


Já não era sem tempo. Finalmente o registo comercial, a constituição.
Esta coisa de se fazer uma empresa é mais do que difícil, é complicado e sobretudo burocrático.
Bom, agora já está. Vamos ao trabalho.

segunda-feira, 7 de maio de 2007

Parabéns Catarina!!



domingo, 6 de maio de 2007

Prazeres do Mar

Lombos de cavala fumada, azeite, alho e basílico

Os Três Magníficos

Tudo tem o seu tempo.
Sempre se escreveu e falou sobre o Claridade talvez mais fora de portas do que por estas ilhas, mas agora toda a gente fala e só alguns escrevem claro o que é muito bom. Esses poetas e pessoas de cultura atravessaram um século de marcas e referências profundas para a humanidade que, como não podia deixar de ser, foram a inspiração e razão do que sentiram e escreveram.
Assim sendo, não estiveram sozinhos nos pensamentos e na escrita. De certa forma o Claridade faz parte de um movimento mais amplo que influenciou e foi influenciado por ele. Dezenas de outros escritores e pensadores, ao longo das suas vidas, cruzaram-se com esses poetas o que fez do Claridade parte de um movimento mais amplo e igualmente importante que se espalhou pelos recantos do Império entre eles também os Açores, Madeira e colónias portuguesas.

É bom que se faça uma Fundação, é bom que se façam simpósios, é bom que se estude e divulgue. Mas será melhor que se faça tudo isto sem perder de vista o Movimento todo, o mundo.
É que senão um dia destes alguém inspirado vai propor uma estátua em forma de ramalhete com as três cabeças e uma placa: “Os três magníficos heróis da liberdade da pátria”. Tudo pode acontecer.

sábado, 5 de maio de 2007

Charroco ou Bjon

Scorpaena stephanica

É raro encontrarmos este peixe no mercado porque vive com mais abundância entre os 100 e os 200 m de profundidade, os nossos pescadores não pescam tão fundo e além disso sempre foi olhado com desconfiança até pelo perigo que é amanhá-lo. Quando nos picamos numa das suas espinhas salientes é certo e sabido que vamos cantar durante umas horas com dores desagradáveis e inchaço até ao cotovelo. É preciso muito cuidado.
Mas isto não lhe retira qualquer valor. A sua carne branca é deliciosa e tem uma textura parecida com a da lagosta. Se você não for informado pode ser confundido quando pedir uma salada de lagosta e comer gato por lebre ou seja comer lagosta misturada com peixe e não dar por isso. Não é que prejudique a saúde, mas quando descobrir uma minúscula espinha na salada de lagosta pela certa que vai ficar mal disposto e pronunciará algumas palavras com espinhas. O bom é saber sempre o que estamos a comer.
Se comprar este peixe, faz uma excelente compra.
De preferência compre-o já amanhado e cortado em postas e faça uma bela refeição.

A sopa

Coloque a cabeça e o rabo num tacho com água, uma folha de louro uma cebola pequena e dois dentes de alho, alguns grãos de pimenta branca e deixe cozer um pouco sem desfazer.
Reserve a água da cozedura, com um garfo retire a carne das faces e do resto da cabeça e rabo. Coe a água, desfaça com um passe-vite uma batata cozida, a cebola, o alho. Junte o peixe. Aqueça um pouco mais, tempere de sal e um fio de azeite, junte salsa fresca ou coentros picados, tape e deixe apurar fora do lume.

A salada de Charroco

Coza as postas em vapor durante 5 minutos. Numa tigela junte feijão verde picado pouco cozido, congo verde cozido, cenoura crua ralada, duas rodelas de cebola crua e uma maçã reineta cortada em cubos e regada com limão e um pouco de massa cotovelo fria. Misture tudo levemente e junte o peixe em pedaços livre de espinhas. Regue com um pouco de azeite, decore com beterraba vermelha cozida e acompanhe com duas ou três fatias de papainha

Aqui tem uma refeição natural muito rica em fósforo e vitaminas. Na hora de servir coloque uma torrada no prato da sopa. Coma sem pressas e haja saúde.

Aos Meus Amigos

sexta-feira, 4 de maio de 2007

Nispo


Quem já comeu este estranho fruto?
Diz-se que havia algumas árvores deste fruto no Fogo e aqui em Santiago, mas agora só existe, ao que parece, uma única árvore numa propriedade no lugar de Fontes.
Quem trouxe, talvez do Extremo Oriente talvez das Américas, esta exótica planta para Cabo Verde? Como conseguiu reproduzi-la? Ou estas foram as únicas plantas trazidas?
Seria interessante desvendar tal mistério e conhecer alguma referência escrita sobre o assunto.
Este fruto tem um sabor muito diferente dos que vulgarmente conhecemos. Enquanto se desfaz na boca sente-se o sabor de vários frutos conhecidos, um leve odor a mel e canela. Agradável mas sobretudo estranho.

quinta-feira, 3 de maio de 2007

Descoberta


quarta-feira, 2 de maio de 2007

1º de Maio - 3 Bons Acontecimentos


Esteve um dia bonito numa das costas mais agradáveis de Santiago: entre Gouveia e Porto Mosquito. Alegria, bebidas frescas, churrasco e um descanso divinal sem o trum- tim-tim insuportável do que chamam música a certo ruído. Os sons da natureza fazem bem.






Proposta a definição de um salário mínimo nacional. Uma medida de grande interesse para trabalhadores, empresas e economia. Já é tempo sim senhor. E é preciso aproveitar o balanço para regulamentar o trabalho de serviço doméstico e a respectiva remuneração mínima.







O aumento do preço dos cuidados de saúde prestados pelo Estado há muito que era urgente pois quem vai por exemplo ao Hospital tratar de uma maleita qualquer não paga sequer a tintura e o álcool que gasta. Assim não há sistema de saúde que aguente num país rico que fará num país em desenvolvimento.