terça-feira, 3 de abril de 2007

Património Histórico... e Natural.

Pelo menos por duas vezes, as que eu vi no horário que posso, a RTP África transmitiu uma pequena reportagem mostrando o lugar de Baía de Nª Senhora da Luz, a que chamaram de Alcatras, onde realçou o abandono e a destruição em que se encontra a ermida construída aquando da elevação daquele lugar a uma das duas primeiras capitanias após a chegada dos portugueses a estas paragens. Na entrevista o sacerdote queixa-se com sinceridade, e bem, do estado de degradação da ermida e dos esforços feitos para a recuperar.

Não se entende nem o abandono nem a “queixa” uma vez que o monumento é propriedade da Igreja Católica e esta realizou até obras (construção de um telheiro anexo em blocos) para a celebração da Eucaristia em dias de cerimónia religiosa.

Ficamos com a sensação de que a Diocese aguarda que o Estado, ou melhor, todos os contribuintes paguem as obras de restauro da ermida.

Em boa verdade o único responsável pelo estado de degradação e abandono daquela ermida é a Diocese. Este é um comportamento vulgar da Igreja Católica em muitos lugares: deixar degradar e pensar que pelo facto dos monumentos serem património cultural de todos passar para o Estado a responsabilidade da preservação de tais monumentos à custa do erário público.

Eu não me importo de contribuir para a reconstrução arqueológica daquela ermida e posterior reabertura ao culto religioso e o Estado também não se importará com certeza, mas é à Diocese quem compete a iniciativa, a responsabilidade e a obrigação de reconstruir, preservar e estimar tão importante referência histórica para todos nós.

Sobre o valioso e riquíssimo património natural, já aqui referido, daquele lugar em contraste com a pobreza dos seus habitantes nem uma única palavra. Talvez nem a RTP África nem a Diocese se tenham apercebido ainda do real valor e importância presente da Baía de Nª Senhora da Luz. A tutela? Também não. Por enquanto só os negociantes de areia estão atentos.