Chuva... Outra Vez!
Bateladas de água por todo o lado. Por enquanto durante o dia de ontem mas vai haver mais ao que parece num dia qualquer antes daquele mês.
Correm os meninos em alarido debaixo de chuva, grita-se. Correm os graúdos para ver toneladas de lixo, dejectos e lama a serem arrastados na ribeira. Muitos não aparecem para trabalhar, claro, a justificação é óbvia. Toda a gente corre para as vidraças dos gabinetes. Avé! Que fazer? Esperar que estie.
À chuva cantam poetas e artistas plagiando o povo rural em lamentos porque ou é muita ou é pouca ou ainda porque não vem quando é preciso. Até mesmo os governos têm uma palavra a dizer e daqui a alguns dias seremos presenteados com “um ponto da situação” e a garantia inequívoca de que serão tomadas medidas excepcionais para minimizar os efeitos negativos de mais um mau ano agrícola.
Mas a chuva continuará por certo a cair todos os anos de passagem para o mar imenso sem que ninguém (os cabo-verdianos) se mobilize para a guardar. A barragem do Poilão é importante mas não representa uma cultura corrente face à água da chuva. A cultura de guardar água não existe porque os governos não a fomentam. Parece preferível o ridículo mas confortável apelo para que as pessoas “poupem água” no dia mundial da água, quando só em algumas localidades urbanas é que existe rede de distribuição.
Constroem-se novos edifícios e urbanizações mas não se incluem cisternas e reservatórios que retenham a água nestes dias de chuva. Um desafio bem ao alcance dos nossos arquitectos e engenheiros. Constroem-se estradas e vias rápidas mas não se dá a mínima importância ou valor aos milhões de litros de água que deslizam sobre elas. Não se pensa nem mesmo com algum qualquer sentimento patriótico no destino a dar aos milhões de litros de água que despejam telhados e terraços das nossas cidades.
Possuído de vontade política e imaginação, querendo, Cabo Verde pode ser bem melhor pelas suas próprias mãos.
A falta de água não é um fado é uma atitude.
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