domingo, 2 de dezembro de 2007

Com Vista Para O Sucupira

Digam o que disserem mas esta obra é a valer. Em tudo o que ela possa significar: emblema, acrescento económico, afirmação de desenvolvimento e muitas outras rubricas. Mas há uma que ninguém fala, mas falo eu, que é a representação imediata e incontornável do mais comum dos provincianismos. Não a obra em si porque a peça está bem desenhada, naturalmente bem calculada, bem pensada e é, há de ser, uma bonita obra de arquitectura. Ninguém ficará indiferente à sua presença e daqui por cinquenta anos ninguém imaginará a cidade sem aquela “peça emblemática”.
O que ninguém duvida é que há nos praienses, em Santiago, em Cabo Verde, uma ansiedade escondida. O desejo de mudança nem que seja a olhos vistos. Com razão, porque mesmo com um governo municipal e um orçamento invejável, a Praia parece não ter dia de perder esta tonalidade de pobreza triste.
Daí a grande necessidade do anúncio “Praia Towers” e da bombástica notícia de que a Praia “irá ter as suas torres gémeas”, finalmente! “ Uma imagem emblemática” para o devir.
Aquela que seria a sua maior imagem emblemática: o asseio, a segurança, a história, a arborização, a luz e a forma dos edifícios, o bem-estar dos cidadãos, a urbanização, a Praia sonhada, a Capital culta e global, não aconteceu em 32 anos.
Para esta “imagem emblemática”, esta Praia Towers, real, concreta, calculada e distante porque do outro mundo, serão apenas necessários 2 anos.
Eu quero subir nas suas entranhas, deliciar-me com todas as ofertas, elogiar a obra e a inteligência e no último piso descansar e contemplar, com mágoa, esta cidade sempre adiada.

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