terça-feira, 31 de março de 2009
domingo, 29 de março de 2009
Ver A Banda Passar
Como sempre o País está de plateia à espera que alguém faça as coisas por ele. Um paradigma bem na moda e bem ao gosto de quem se contenta com “parcerias estratégicas”, isto é, as sobras. A cultura rabidante do “Deus é pai” tem tomado conta dos espíritos dirigentes que, por isso, não vêm qualquer interesse em tomar a iniciativa e o trabalho de reduzir a dependência energética. Mais tarde ou mais cedo alguém de fora há-de chegar com esse negócio e o costumado propósito solidário em ajudar e, claro, deixar umas sobras.
sexta-feira, 27 de março de 2009
À Nossa Espera.
Desobedientes, resolveram continuar “vivos” durante cinco anos para além dos três meses programados. Quem sabe se decidiram esperar por nós para um encontro emocionante e uma grande festa. Estamos a caminho. Já não falta muito.
Postado por canoa às 06:03
Marcadores: Astronomia, Ciência
quinta-feira, 26 de março de 2009
domingo, 22 de março de 2009
O Gato O Rato E A Classe VI
Quando o magnífico e eloquente monge Luca Bartolomeo de Pacioli morreu a 19 de Julho de 1517 não podia imaginar quanto o mundo moderno lhe ficaria a dever como criador do “método das partidas dobradas”, das contas, do deve e haver nas complexas contabilidades de hoje.
A contabilidade tem sido e é uma ferramenta poderosa na vida e sobrevivência de empresas sejam elas pequenas ou grandes e até na prosperidade familiar.
O Estado também descobriu o poder desta ferramenta para cobrar mais impostos e deslumbrou-se com a eficácia ao ponto de fazer crer que é uma invenção e propriedade suas.
À medida que o Estado se torna mais social, mais poder concentra, mais incha e por isso mais despesa tem. Daí a sua paixão assolapada pelas contas da Classe VI na contabilidade dos privados. Esses já deram conta e as empresas gigantes até põem em prática uma “contabilidade criativa” com os resultados que todos nós conhecemos. Os mais pequenos e os pequeninos não têm muito por onde fugir a não ser dos cantos para os meios, porque a contabilidade criativa requer muito dinheiro e conhecimento.
Sabendo, os respeitosos escribas da Av. Amílcar Cabral ficam sentados do alto da sua vista panorâmica a observar as contas da Classe VI que, desconfio porquê, nunca aceitam. Nem as despesas com energia, combustível, reparações e manutenção, comunicações, alugueres, nem viagens, nem nada. O interessante é que a negação se reporta às contas de há cinco anos por norma o que, para além do registo, se torna um exercício de memória da conjuntura passada, humanamente notável.
O truque é simples, baixar “por decreto” as despesas mencionadas nas contas dos privados aumentando a receita e desde logo o precioso imposto ou “obrigação cívica” que depois será reciclado em despesa novamente “em prol do bem comum” que essa sim, ninguém controla.
Todos comem pela medida grossa. Os que podem pagam para não se aborrecerem e os que não podem pagar ficam a dever porque um dia hão-de pagar. Receita garantida.
Mas, pergunto: para quê tanto trabalho, canseira e sobe e desce? Bastaria atribuir à partida um montante (quota) para cada conta da Classe VI e para cada empresa em função do tamanho real declarado e “visível”.
Assim fazia sentido, se necessitássemos compraríamos “cotas de despesa”.
O que não faz sentido é virem cinco anos depois e todos os anos dizer o mesmo e não aceitar porque não e pronto.
Das três uma: ou esta forma “criativa” de tributar é um convite à “contabilidade criativa” ou o sistema traiu as nobres intenções de Luca de Pacioli ou a tributação não passa de um jogo do gato e do rato. Já é tempo de modernizar e simplificar.
A contabilidade tem sido e é uma ferramenta poderosa na vida e sobrevivência de empresas sejam elas pequenas ou grandes e até na prosperidade familiar.
O Estado também descobriu o poder desta ferramenta para cobrar mais impostos e deslumbrou-se com a eficácia ao ponto de fazer crer que é uma invenção e propriedade suas.
À medida que o Estado se torna mais social, mais poder concentra, mais incha e por isso mais despesa tem. Daí a sua paixão assolapada pelas contas da Classe VI na contabilidade dos privados. Esses já deram conta e as empresas gigantes até põem em prática uma “contabilidade criativa” com os resultados que todos nós conhecemos. Os mais pequenos e os pequeninos não têm muito por onde fugir a não ser dos cantos para os meios, porque a contabilidade criativa requer muito dinheiro e conhecimento.
Sabendo, os respeitosos escribas da Av. Amílcar Cabral ficam sentados do alto da sua vista panorâmica a observar as contas da Classe VI que, desconfio porquê, nunca aceitam. Nem as despesas com energia, combustível, reparações e manutenção, comunicações, alugueres, nem viagens, nem nada. O interessante é que a negação se reporta às contas de há cinco anos por norma o que, para além do registo, se torna um exercício de memória da conjuntura passada, humanamente notável.
O truque é simples, baixar “por decreto” as despesas mencionadas nas contas dos privados aumentando a receita e desde logo o precioso imposto ou “obrigação cívica” que depois será reciclado em despesa novamente “em prol do bem comum” que essa sim, ninguém controla.
Todos comem pela medida grossa. Os que podem pagam para não se aborrecerem e os que não podem pagar ficam a dever porque um dia hão-de pagar. Receita garantida.
Mas, pergunto: para quê tanto trabalho, canseira e sobe e desce? Bastaria atribuir à partida um montante (quota) para cada conta da Classe VI e para cada empresa em função do tamanho real declarado e “visível”.
Assim fazia sentido, se necessitássemos compraríamos “cotas de despesa”.
O que não faz sentido é virem cinco anos depois e todos os anos dizer o mesmo e não aceitar porque não e pronto.
Das três uma: ou esta forma “criativa” de tributar é um convite à “contabilidade criativa” ou o sistema traiu as nobres intenções de Luca de Pacioli ou a tributação não passa de um jogo do gato e do rato. Já é tempo de modernizar e simplificar.
quinta-feira, 19 de março de 2009
domingo, 15 de março de 2009
Desafio.
Foi a ideia com que fiquei desta corrida política de José Sócrates em Cabo Verde. E se dúvidas tinha, elas dissiparam-se ontem no encontro com a pobre e até um pouco saloia mas representativa comunidade portuguesa a que pretenso neste nobre burgo.
Teimamos todos em fazer de conta. Talvez seja a maior herança cultural de muito mais de meio século de pequena História que antecedeu a democracia como regime. De tão pequena não conseguimos dar conta das peias a que ela nos amarrou. E então, o País Cabo Verde faz de conta da falta de recursos e o País Portugal faz de conta que é o velho pai zeloso e preocupado. A combinação certa para um desenvolvimento “faz de conta” apenas para alguns, se é que se possa chamar prosperidade ao enriquecimento de poucos, no caso de Cabo Verde não tanto à custa da pobreza (porque essa não tem dinheiro para extorquir) mas por distorção dos projectos que poderiam efectivamente desenvolver o País e dar uma vida melhor a que tem direito, muitos e muitos milhares de cabo-verdianos, isto é, pessoas.
Projectos, muitos projectos, tantos quantos as intenções, tantos quantos os sonhos e ambições. Ambição é uma palavra que José Sócrates utilizou “mil” vezes. Como a palavra cluster, tecnologia, vanguarda, orgulho, futuro e tantas outras. José Maria Neves aprendeu a lição e também já as diz com frequência mas sem aquele peso de quem tem de prestar contas a Bruxelas, por enquanto.
Que venham muitos milhões para as energias renováveis. Sim, que venham como crédito ou doação. Mas para fazer o quê? Repartir a produção de energia entre a Electra e uma outra empresa que vende ventoinhas e fotovolcaicos ou transformar cada cabo-verdiano ou família num potencial produtor de energia? São coisas economicamente bem diferentes.
Que venham muitos milhões para as novas tecnologias (computadores). Sim, para quê? Para que cada criança tenha uma máquina para jogar e “pintar” ou para aproximar os professores dos alunos e estes das leituras em papel e da escrita, da arte e do conhecimento. É que um computador por si não serve para isso, nem para nada. Pensei que o importante seria distribuir o programa e as ideias, mas pelos vistos a máquina é mais expressiva.
E depois o frenesi da banca e dos novos “produtos” financeiros, agora mais credíveis, dos serviços e das plataformas. Não nego a importância, nem a falta. Confirmo a grande distracção pela vida da imensa maioria do País. Em tudo o que este País podia ser e não é. E não é, é bom dizer, nenhum “paradigma” nem exemplo de bom comportamento. É o País que sempre foi desde a primeira hora sustentado pelas rabidantes, pelos emigrantes e pelo orgulho dos seus mais nobres filhos, porque não fora esse velho sentimento e, num futuro não muito longínquo, qualquer cabo-verdiano teria de adquirir uma licença limitada para passear nas brancas areias das praias do País que o viu nascer. Não estou a exagerar, contratos são contractos.
Dito isto, pergunto: como se faz um outro mundo “novo” se todos os dias cruze-me com centenas de mulheres com latas de água à cabeça antes do Sol nascer? Como se faz um outro mundo “novo”com uma sociedade rural potencialmente muito produtiva mas abandonada porque, por enquanto, a importação alimentar é uma solução fácil e que, por qualquer forma, entram as divisas suficientes para serem pagas as facturas. E também nas pescas e em tantos dossiers incluindo o turismo que está longe, para ser viável e rentável, da necessidade de adoptar o falido modelo de “rebanhos aos pacotes”.
A viagem de Sócrates a Cabo Verde é histórica. Não pelas razões apontadas nos discursos, mas por estarem fora do contexto económico do País Cabo Verde e talvez do País Portugal. O contexto que os dirigentes cabo-verdianos também não querem ver ou fazem de conta não quererem por enquanto, porque a “conjuntura não permite” como me dizia há tempos um deputado.
Mobilizar o País para além da banca, das novas tecnologias e da prestação de serviços não é um desafio. É o desafio. O desafio que foi escondido a Sócrates e o será aos que se lhe seguirem como primeiro-ministro, mas é o desafio que poderia fazer deste País um País muito melhor, menos dependente, mais preocupado e sustentado, hoje e no futuro.
Teimamos todos em fazer de conta. Talvez seja a maior herança cultural de muito mais de meio século de pequena História que antecedeu a democracia como regime. De tão pequena não conseguimos dar conta das peias a que ela nos amarrou. E então, o País Cabo Verde faz de conta da falta de recursos e o País Portugal faz de conta que é o velho pai zeloso e preocupado. A combinação certa para um desenvolvimento “faz de conta” apenas para alguns, se é que se possa chamar prosperidade ao enriquecimento de poucos, no caso de Cabo Verde não tanto à custa da pobreza (porque essa não tem dinheiro para extorquir) mas por distorção dos projectos que poderiam efectivamente desenvolver o País e dar uma vida melhor a que tem direito, muitos e muitos milhares de cabo-verdianos, isto é, pessoas.
Projectos, muitos projectos, tantos quantos as intenções, tantos quantos os sonhos e ambições. Ambição é uma palavra que José Sócrates utilizou “mil” vezes. Como a palavra cluster, tecnologia, vanguarda, orgulho, futuro e tantas outras. José Maria Neves aprendeu a lição e também já as diz com frequência mas sem aquele peso de quem tem de prestar contas a Bruxelas, por enquanto.
Que venham muitos milhões para as energias renováveis. Sim, que venham como crédito ou doação. Mas para fazer o quê? Repartir a produção de energia entre a Electra e uma outra empresa que vende ventoinhas e fotovolcaicos ou transformar cada cabo-verdiano ou família num potencial produtor de energia? São coisas economicamente bem diferentes.
Que venham muitos milhões para as novas tecnologias (computadores). Sim, para quê? Para que cada criança tenha uma máquina para jogar e “pintar” ou para aproximar os professores dos alunos e estes das leituras em papel e da escrita, da arte e do conhecimento. É que um computador por si não serve para isso, nem para nada. Pensei que o importante seria distribuir o programa e as ideias, mas pelos vistos a máquina é mais expressiva.
E depois o frenesi da banca e dos novos “produtos” financeiros, agora mais credíveis, dos serviços e das plataformas. Não nego a importância, nem a falta. Confirmo a grande distracção pela vida da imensa maioria do País. Em tudo o que este País podia ser e não é. E não é, é bom dizer, nenhum “paradigma” nem exemplo de bom comportamento. É o País que sempre foi desde a primeira hora sustentado pelas rabidantes, pelos emigrantes e pelo orgulho dos seus mais nobres filhos, porque não fora esse velho sentimento e, num futuro não muito longínquo, qualquer cabo-verdiano teria de adquirir uma licença limitada para passear nas brancas areias das praias do País que o viu nascer. Não estou a exagerar, contratos são contractos.
Dito isto, pergunto: como se faz um outro mundo “novo” se todos os dias cruze-me com centenas de mulheres com latas de água à cabeça antes do Sol nascer? Como se faz um outro mundo “novo”com uma sociedade rural potencialmente muito produtiva mas abandonada porque, por enquanto, a importação alimentar é uma solução fácil e que, por qualquer forma, entram as divisas suficientes para serem pagas as facturas. E também nas pescas e em tantos dossiers incluindo o turismo que está longe, para ser viável e rentável, da necessidade de adoptar o falido modelo de “rebanhos aos pacotes”.
A viagem de Sócrates a Cabo Verde é histórica. Não pelas razões apontadas nos discursos, mas por estarem fora do contexto económico do País Cabo Verde e talvez do País Portugal. O contexto que os dirigentes cabo-verdianos também não querem ver ou fazem de conta não quererem por enquanto, porque a “conjuntura não permite” como me dizia há tempos um deputado.
Mobilizar o País para além da banca, das novas tecnologias e da prestação de serviços não é um desafio. É o desafio. O desafio que foi escondido a Sócrates e o será aos que se lhe seguirem como primeiro-ministro, mas é o desafio que poderia fazer deste País um País muito melhor, menos dependente, mais preocupado e sustentado, hoje e no futuro.
terça-feira, 3 de março de 2009
Sua Excelência (Makaira nigricans)
segunda-feira, 2 de março de 2009
Bem-vinda Crise.
Há males que teimam em vir por bem. O mau tempo em forma de crise financeira e por isso económica que tem baralhado as contas aos governos é um desses males que já fazia falta. Ainda bem que a bolha rebentou.
E o que rebentou foi a velha bolha da “Dona Branca”, a bolha da ganância e a da esperteza saloia de vender cabritos quando cabras não têm.
Por esta pátria de Baltazar a coisa já assumia contornos de orgia. Arribaram aves raras e sábias em engenharia financeira. Claro, deslumbraram que nem anjos caídos do céu com os seus cartões dourados, retóricas de competência e finos gostos pelas sedosas peles crioulas. O País dirigente embarcou e esqueceu-se do resto do País. A agricultura, pecuária, pescas, energia, transportes, saúde, enfim tanto mar por navegar foram nos últimos anos considerados apêndices ao ponto de alguns crânios até profetizarem que Cabo Verde brevemente viveria apenas do turismo. É no que dá os almoços de trabalho, simpósios em formato PowerPoint, congressos de nada, workshops para a televisão e sobretudo desprezo pelo País que não usa telemóvel de última geração nem compra com cartão de crédito, o País que busca todas as manhãs aqueles dez escudos para a lata d’água.
Esta crise é óptima. Vem lembrar-nos que há um País para se sustentar e crescer, um País de muitas oportunidades de negócios limpos e produtivos capazes de fazer sair da pobreza a esmagadora maioria do seu povo. Bem-vinda crise.
E o que rebentou foi a velha bolha da “Dona Branca”, a bolha da ganância e a da esperteza saloia de vender cabritos quando cabras não têm.
Por esta pátria de Baltazar a coisa já assumia contornos de orgia. Arribaram aves raras e sábias em engenharia financeira. Claro, deslumbraram que nem anjos caídos do céu com os seus cartões dourados, retóricas de competência e finos gostos pelas sedosas peles crioulas. O País dirigente embarcou e esqueceu-se do resto do País. A agricultura, pecuária, pescas, energia, transportes, saúde, enfim tanto mar por navegar foram nos últimos anos considerados apêndices ao ponto de alguns crânios até profetizarem que Cabo Verde brevemente viveria apenas do turismo. É no que dá os almoços de trabalho, simpósios em formato PowerPoint, congressos de nada, workshops para a televisão e sobretudo desprezo pelo País que não usa telemóvel de última geração nem compra com cartão de crédito, o País que busca todas as manhãs aqueles dez escudos para a lata d’água.
Esta crise é óptima. Vem lembrar-nos que há um País para se sustentar e crescer, um País de muitas oportunidades de negócios limpos e produtivos capazes de fazer sair da pobreza a esmagadora maioria do seu povo. Bem-vinda crise.
domingo, 1 de março de 2009
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