quarta-feira, 5 de setembro de 2007

Mais Um Relatório.

Um importante relatório elaborado recentemente sobre as pescas em Cabo Verde faz um levantamento, com base em dados oficialmente disponíveis, dos recursos do sector no mar e em terra e adianta muitas recomendações.

Dos recursos (estruturas com as funções de entreposto) disponíveis em terra sabe-se que pouco ou nada funciona e algumas nunca chegaram sequer a ver um peixe depois de inauguradas porque foram oferecidas e a oferta não passou de propaganda política.

Apesar de muitos mapas e gráficos sobre os recursos haliêuticos e o esforço de pesca os próprios relatores têm muitas dúvidas e salvaguardas. É que para qualquer observador atento é mais do que evidente que os dados disponíveis, há anos, estão viciados uma vez que não existem registos sérios sobre as capturas em qualquer porto de pesca em Cabo Verde, ou seja, é tudo feito a olho ou de ouvido sem qualquer critério científico apesar das aparências.

O relatório recomenda que se continue a investigar e como inovação propõe que se reduza o esforço de pesca no sentido de preservar recursos naturais pagando aos pescadores artesanais para abandonarem a actividade criando um sistema que os reconduza para outras actividades profissionais.

Não tenho dúvidas que será uma boa solução para se esbanjar mais dinheiro em subsídios e serviços para distribuir esses subsídios, dando aos pescadores artesanais um recurso financeiro para além da pesca que passará a ser desportiva.

O que pode ser importante para preservar os recursos naturais é o desenvolvimento da aquacultura como concorrente sério da pesca artesanal ou outra. Um assunto que o relatório não refere.

A aquacultura é a ferramenta que pode desincentivar a pesca tradicional criando outras perspectivas de negócio familiar, combater a pobreza, poupar vidas e dinamizar o sector das pescas cronicamente falido.

O contrário da caça recolecção não é mudar de profissão, é mudar a relação com a natureza.

A aquacultura é o futuro das pescas no mundo, hoje 10% do que se consome do mar já provém da aquacultura e Cabo Verde com os seus 1.000 km de costa poderá ser um País importante neste particular. A solução pois, não é deixar de pescar mas sim modernizar a pesca desenvolvendo a aquacultura. Só não vê quem não quer.

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